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Provas de natação e canoagem são atração na manhã de quinta nos Jogos dos Povos Indígenas

Funai
30 de Nov de 2007

O sol apareceu com força na manhã da quinta-feira (29), como um convite para a realização das provas de natação e canoagem na arena dos Jogos Indígenas, em Olinda. Os índios Xavante, rigorosos em suas tradições, foram os primeiros a entrar no mar, mas não para competir. Nove integrantes da etnia realizaram a cerimônia de purificação da água, que normalmente é feita durante 30 dias na aldeia, antes da furação de orelha, demonstrada na areia da praia.

A furação de orelha representa a passagem dos jovens à maioridade. Jeremias Xavante destacou que os rapazes não podem ter relações sexuais até que passem pelo rito. "A partir desse momento eles estão totalmente liberados", explica o líder Xavante. Os furos são feitos com osso de onça parda, animal típico do Mato Grosso, onde vivem. O sangue das orelhas é armazenado pelo "furador" com a boca, para que seja despejado fora da aldeia.

Disputada nas categorias masculina e feminina, a prova de natação atraiu a população local à beira da praia do Bairro Novo. Agora bicampeã na modalidade, Pahamre, da etnia Gavião do Pará, diz que não teve dificuldade em nadar no mar, mesmo sem ter se preparado para a competição. "Onde vivo não tem nem rio, só um igarapé", explica a vencedora. "O importante para nós é competir, mas quando dá para ganhar a gente aproveita", conta Pahamre sorrindo. No grupo dos homens a vitória ficou com Jairão Kuikuro, do Parque Indígena do Xingu.

A canoagem foi disputada em diversas baterias por duplas representantes das etnias competidoras. As canoas de mogno foram confeccionadas pelo povo Rikbaktsa, nação do Mato Grosso também conhecida como "canoeiros". Porém, os vencedores da disputa foram os índios Assurini, da Terra Indígena Trocará (PA), banhada pelo rio Tocantins, onde costumam praticar.

Troca de experiências

Os intervalos das competições e as noites no Ginásio Geraldo Magalhães (Geraldão) são momentos de apresentações culturais dos indígenas e da cultura local. Para Valmir Bakairi, que veio da Terra Indígena Bakairi, no Mato Grosso, os jogos representam um momento de troca de experiências e aprendizado. "São quase 30 etnias diferentes e é importante nos conhecermos. É assim que promovemos respeito e dignidade", afirma Valmir.

Alunos do Espaço Criança Esperança fizeram uma emocionante participação na arena dos Jogos, na quarta-feira (28). O grupo de 30 crianças e adolescentes apresentou o maracatu aos atletas e artesãos indígenas. Valmir diz que a apresentação foi bonita e de grande importância no evento. "É bom saber que esse projeto promove atividade para as crianças, tirando até da criminalidade", destaca o jovem indígena.

À noite, no Ginásio Geraldo Magalhães, onde as etnias estão alojadas, os indígenas puderam apreciar e participar de apresentações da cultura local. Idosas dos Círculos Populares de Esporte e Lazer, do bairro Brasília Teimosa, apresentaram o Pastoril, dança dramática de origem religiosa embalada pelo maracá. Em seguida, houve apresentação de frevo com crianças que ensinaram alguns passos aos indígenas, mas poucos arriscaram dar os audaciosos pulinhos.

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