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Proposta para a área é vaga e sem ambição, dizem ambientalistas

FSP, Mundo, p. A8
01 de Jul de 2015

Proposta para a área é vaga e sem ambição, dizem ambientalistas

RAFAEL GARCIA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A meta de reflorestamento que a presidente Dilma Rousseff apresentou durante sua visita aos EUA como parte do esforço do Brasil para conter o aquecimento global não é suficiente nem para o cumprimento da lei brasileira.
Os 12 milhões de hectares de cobertura vegetal que o governo promete recompor até 2030 são só metade do passivo ambiental brasileiro --24 milhões de hectares que precisam ser recuperados, segundo o novo Código Florestal.
Essas áreas são propriedades rurais desmatadas em proporção além daquela permitida ou que destruíram matas de proteção permanente.
A maior parte dessa "dívida" fica na mata atlântica, o bioma brasileiro mais devastado, do qual restam só 12% da cobertura original.
"É uma meta fraca, mas a realidade atual indica que ainda será difícil atingi-la", afirma Mário Mantovani, diretor da ONG SOS Mata Atlântica.
Antes da mudança no Código Florestal, em 2012, o passivo ambiental era de 50 milhões de hectares ""mais da metade das terras ilegalmente desmatadas foi anistiada.
Apesar de anunciar um número aquém do esperado para o reflorestamento, a presidente afirmou que o país se compromete a zerar o desmatamento ilegal até 2030. A proposta já fora apresentada em 2009, mas sem prazo.
Britaldo Soares Filho (UFMG), responsável pelo cálculo mais recente do passivo ambiental florestal brasileiro, afirma que nas atuais circunstâncias a promessa de reflorestamento apresentada por Dilma é "ambiciosa".
Quanto aos objetivos de desmatamento, mesmo que se cumpra a promessa de zerar o corte ilegal, ele afirma que isso ainda abriria uma brecha para dobrar a taxa de desmate até 2030, pois só na Amazônia ainda existem cerca de 20 milhões de hectares legalmente desmatáveis.
Para alguns ambientalistas, fiscalizar o desmate ilegal é importante, mas a proposta do Brasil para o acordo negociado em Paris precisa apresentar algo que vá além.
"A presidente não precisava ter feito uma viagem intercontinental para ir contar a Obama que vai fazer cumprir a lei aqui dentro", diz Márcio Astrini, coordenador de campanhas do Greenpeace.
Os especialistas também acham pouco ambiciosa a meta anunciada de aumento na cota de energia solar, eólica e biocombustíveis.
O outro ponto da proposta, chegar com os EUA a uma cota de 20% de fontes de energia renovável em 2030, também foi minimizado. "Não vai requerer esforço extra porque já está dentro da tendência atual", avalia Carlos Rittl, do Observatório do Clima.
Para ele, não é possível inferir quanto de emissões o Brasil propõe cortar até 2030. "Faltou objetividade no anúncio e faltou ambição."

FSP, 01/07/2015, Mundo, p. A8

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/224598-proposta-para-a-area-e-va…

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