VOLTAR

Projeto sobre redução de faixa de fronteira divide Congresso

FSP, Brasil, p. A10
05 de Mar de 2008

Projeto sobre redução de faixa de fronteira divide Congresso

Simone Iglesias
Da sucursal de Brasília

Proposta do Congresso de modificar a atual legislação das fronteiras do Brasil com países vizinhos provoca divergência entre governadores e prefeitos favoráveis à matéria e parlamentares do PT e movimentos sociais que são contra a aprovação da PEC (proposta de emenda constitucional).
As faixas de fronteira têm hoje 150 km de extensão. A PEC -de autoria do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) e aprovada na semana passada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado- as reduz para 50 km, em quatro Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Pela legislação vigente, as cidades que fazem fronteira com outros países não podem vender terras para empresas estrangeiras sem autorização prévia. Também não é permitido construir estradas, pontes, campos de pouso e até instalar emissoras de rádio e TV, em nome da soberania e defesa.
As restrições são consideradas impeditivas para uns. Outros acham que acabar com elas seria o mesmo que permitir a desnacionalização do território. A aprovação da PEC, pronta para ser votada em plenário, fez com que parlamentares e movimentos reagissem.
Originalmente, a proposta estabelecia a redução em todos os Estados fronteiriços, o que atingiria a região Amazônica. Com reação negativa do Exército, a parte foi suprimida.
A proposta tem apoio de governadores e prefeitos dos quatro Estados atingidos porque estimulará o crescimento.
No total, 462 das 1.267 cidades dos quatro Estados estão na faixa de fronteira, o que corresponde a 35,6% dos territórios de MS, PR, SC e RS somados. O Estado mais atingido com a redução é Mato Grosso do Sul.
A proposta enfrenta resistência de parlamentares do PT, da Via Campesina e do MST porque, para eles, abrirá a porta para que empresas estrangeiras priorizem a plantação de eucalipto, formando nas fronteiras um deserto verde. "A PEC avançou por puro lobby das multinacionais", disse o deputado Adão Pretto (PT-RS).
O PT e o MST se apóiam em investigações da PF relativas à multinacional Stora Enso.
Em 2005, a empresa finlandesa começou a comprar terras no RS, mas, em razão das restrições legais, constituiu a Azenglever Agropecuária Ltda, com capital nacional e pertencente a executivos brasileiros da Stora, e comprou 46 mil hectares para o plantio de eucalipto.
A Stora Enso afirma que, após comprar terras e não poder transferi-las para o seu nome, teve de abrir empresa no Brasil que se tornou proprietária das áreas. Eventuais irregularidades sobre a criação da empresa estão sendo apuradas.

FSP, 05/03/2008, Brasil, p. A10

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.