Agência Brasil-Brasília-DF
16 de Abr de 2004
"Índios os Primeiros Brasileiros" é o nome do projeto que o Museu Nacional do Rio de Janeiro e a Fundação Joaquim Nabuco lançam em abril do próximo ano. A iniciativa, financiada com recursos da lei Ruanet, do Ministério da Cultura, abrange exposições de fotos, objetos, livros e pesquisas sobre a cultura indígena.
O assunto foi debatido nesta sexta-feira (16), na abertura do seminário Povos Indígenas, Olhando para o Futuro, que reúne na Fundação Joaquim Nabuco, pesquisadores, representantes do poder público, de Organizações Não Governamentais e lideranças indígenas do Nordeste.
De acordo com o professor João Pacheco, do Departamento de Antropologia do Museu Nacional, a idéia é mostrar a população que os índios não fazem parte apenas do passado histórico do país, mas são atores sociais, presentes no Brasil de hoje. "Eles precisam ser ouvidos e não tutelados ou tratados arbitrariamente. Os índios não estão em vias de extinção, se encontram, como grande parte da população, sob risco, de miséria, de falta de assistência médica, educação e de incentivo a práticas de geração de renda, mas continuam aumentando a sua população e etnias, totalizando hoje cerca de 700 mil", destacou.
O diretor do Instituto de Pesquisas Sociais da Fundaj, professor Antônio Siqueira, enfatizou que o projeto é importante pelo que representam as nações indígenas, para a identidade nacional e o processo civilizatório brasileiro.Ele disse que Pernambuco tem a quarta população indígena do país, formada por 12 etnias.
O chefe de gabinete do Ministério da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse que o seminário é uma oportunidade não só de aprofundar a reflexão sobre a cultura, a organização e a importância dos índios na sociedade brasileira, mas também para socializar a informação, já que reúne representantes de várias etnias do nordeste e de órgãos públicos envolvidos com a questão.
Ele disse que a secretaria de identidade e diversidade cultural, dirigida por Sérgio Mamberti, está desenvolvendo, pela primeira vez no país, uma política para valorizar a cultura indígena. Segundo Sá Leitão o trabalho consiste em mostrar que as expressões dos índios brasileiros constituem um patrimônio histórico e cultural.
Para Uilton Tuxá, líder indígena do município de Rodelas, no norte da Bahia, uma das principais reivindicações do povo indígena do Nordeste é a demarcação e homologação dos territórios ocupados tradicionalmente pelas tribos.
O evento prossegue até segunda-feira, 19 de abril, data em que se comemora o dia do índio.
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