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Projeto piloto investe em quilombo no Vale do Ribeira, São Paulo, onde vivem 82 famílias descendentes de escravos

Folha de S. Paulo-SP
Autor: RICARDO BONALUME NETO
15 de Jul de 2001

Mata atlântica ganha investimento do G-7 Três pesquisadores estrangeiros do grupo que monitora o financiamento de projetos ambientais no Brasil pelo G-7 (os sete países mais ricos) começaram na última quarta-feira uma visita à mata atlântica no Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo.O Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil -conhecido pela sigla PPG-7- financia projetos de comunidades organizadas, ONGs ou empresas voltados para a proteção das florestas tropicais e o seu desenvolvimento sustentável. O programa já completou cinco anos de funcionamento, com recursos de US$ 330 milhões emprestados a fundo perdido pelos países do G-7.Para se candidatar a verbas do programa, os projetos precisam ser socialmente justos, economicamente viáveis e ambientalmente seguros. O PPG-7 surgiu a partir da Eco-92, convenção mundial sobre ambiente e desenvolvimento sustentável realizada no Rio.O grosso dos recursos tem sido destinados à Amazônia. Mas agora a mata atlântica também começa a receber verba.O subprograma para a mata atlântica receberá cerca de US$ 1 milhão este ano, com chance de chegar a cerca de US$ 10 milhões de 2002 em diante.O Vale do Ribeira é a região com maior concentração dessa floresta em São Paulo, mas também é uma das regiões mais pobres do Estado, o que a torna um alvo preferencial de projetos que combinem proteção ambiental e desenvolvimento socioeconômico.
Palmito e banana
Os três pesquisadores -o francês Hervé Théry, da Escola Normal Superior de Paris, França, o britânico Anthony Hall, da London School of Economics, e o holandês Derk de Groot, do Ministério da Agricultura de seu país-, estiveram antes no Rio Grande do Sul, onde puderam constatar que a área de floresta aumentou, devido à redução do espaço reservado para a agricultura.Ontem eles visitaram o quilombo de Ivaporunduva, uma comunidade de descendentes de escravos de 82 famílias e cerca de 300 pessoas que tem projetos de manejo sustentável de palmito. Além disso, desenvolvem um programa de melhoria no cultivo e na comercialização da banana."O dinheiro internacional é bom para chamar a atenção de problemas, dar um empurrão inicial", afirma Théry. "É como o provérbio chinês, não damos o peixe, ensinamos a pescar", diz."Estamos há mais de 300 anos aqui, fazendo rodízio de culturas", afirma Benedito Alves da Silva, tesoureiro da Associação Quilombo de Ivaporunduva."Vendemos a banana a R$ 0,05 o quilograma. Temos de procurar melhorar o ganho com a banana", acrescenta seu colega, José Rodrigues da Silva.Dos 3.111 hectares do quilombo, mais de 80% são de mata nativa preservada, afirmam moradores

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