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Projeto para documentação da língua indígena Karo terá financiamento inglês

Museu Goeldi
11 de Mar de 2004

A língua indígena Karo, do tronco Tupi, que corre perigo de extinção, em breve será descrita e documentada em dicionário, livro de narrativas e vídeo-documentário. O projeto "Documentação e Descrição de Karo, Brasil", de autoria do lingüista Nilson Gabas Júnior, do Museu Paraense Emílio Goeldi, foi um dos projetos aprovados, em seleção mundial no último dia 27 de fevereiro, pela entidade britânica Endangered Language Documentation Project (ELDP). Com a aprovação, Gabas irá se unir ao grupo de pesquisadores do Museu Goeldi que, ano passado, teve projeto aprovado pela mesma agência, também para a documentação de línguas Tupi.

Falada por aproximadamente 130 índios Arara, na região centro-oeste de Rondônia, Karo era conhecida somente por algumas listas de palavras, publicadas por etnógrafos até meados do século passado. A língua só começou a ter um estudo sistemático a partir de 1987, quando Gabas se debruçou para coletar os léxicos que resultariam mais tarde na formulação de uma gramática preliminar da língua, organizada pelo lingüista no doutorado pela Universidade da Califórnia (EUA).

Segundo Nilson Gabas, o projeto de documentação da língua inclui a elaboração de um dicionário Karo-Português e de um livro de narrativas. O pesquisador também pretende gravar em áudio e vídeo as atividades culturais como festas e cerimônias ainda praticadas pelos índios Arara. A idéia é produzir vídeo-documentários de curta duração sobre a vida desse povo. Todas as gravações também serão transcritas para o português e o inglês.

Dicionário - O primeiro dicionário da língua Karo já conta com três mil artigos lexicais coletados, mas ainda faltam termos para a grande variedade de plantas, animais e utensílios na atual base de dados da língua. "Quanto ao livro de narrativas tradicionais eu pretendo, com a ajuda de consultores indígenas, coletar, transcrever e traduzir uma variedade grande de gêneros discursivos como mitos, estórias, diálogos cerimoniais etc., que será a base para o livro", explica o pesquisador.

Para concluir a descrição de Karo e formular a gramática completa da língua o trabalho de campo será realizado em quatro etapas: duas viagens a área dos Arara em 2005 e outras duas em 2006. Mas o pesquisador não estará sozinho nessa empreitada. Para ampliar o conhecimento sobre a língua Karo, Gabas contará com a ajuda de outros especialistas do Museu Paraense Emílio Goeldi, considerado no Brasil e no exterior um centro de excelência nos estudos de línguas indígenas amazônicas.

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