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Projeto para construir casas em aldeias não tem prazo para ser implantado

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
19 de Dez de 2004

O administrador interino da Funai (Fundação Nacional do Índio), Benedito Rangel de Morais, ainda não sabe quando será implantado em Roraima o programa de moradia para índios, lançado no início desse mês pelo Governo Federal.
A meta dos ministérios das Cidades, da Saúde, por meio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), e da Justiça, através da Fundação Nacional do Índio (Funai), é construir casas para 3 mil famílias indígenas em 2005, com investimento de R$ 21 milhões. A medida será possível com a criação de um segmento do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH), que já vem atendendo à demanda da população urbana do país.
A iniciativa atenderá povos de todas as regiões, mas terão prioridade as aldeias do Nordeste, do Sul e do Centro-Oeste, que tiveram maior perda de seu habitat no decorrer da história. A iniciativa receberá ainda R$ 6 milhões da Funasa para obras de ligações de saneamento domiciliares.

A Funai será responsável pela mobilização e organização junto às comunidades. A idéia é que a fundação oriente os índios na formulação de seus projetos de construção de casas, que deverá respeitar a cultura dos povos e a identidade da aldeia.

Rangel acredita que haverá grande mobilização das comunidades indígenas, tão logo o projeto seja efetivamente lançado em Roraima. "Ainda não recebemos nada oficial, sobre a quantidade de beneficiados e as localidades que serão atendidas", explica.

Em Roraima, há uma demanda de aproximadamente 30 mil índios que não dispõem de moradias adequadas. A população indígena do Estado é de 41.735 indivíduos, desses, apenas os Yanomami seriam excluídos do programa, uma vez que mantêm praticamente intocada sua cultura.

O administrador considera beneficiários em potencial do projeto os Macuxi, Wapichana, Ingaricó, Wai-wai, Waimiri-atroari, Taurepang, Moiongong e Patamona, que já perderam parte de sua identidade cultural e entraram em processo de "aculturação" com a comunidade dita branca.

"Esse projeto vai ser muito bom para Roraima, principalmente para as aldeias situadas nas regiões de lavrado, onde os índios já moram em casas de tijolo e telha, uma habitação diferente das casas familiares de palha usadas antigamente", enfatiza.

Rangel constata, no entanto, que grande parte dessas moradias é muito precária não só pela ausência de recursos financeiros, mas pela inabilidade de lidar com esse material. "Se você der tijolo e telha para o Yanomami ele não saberá o que fazer, mas fará construções muito boas com a palha, porque essa é sua engenharia típica", exemplificou.

Além disso, a população indígena de Roraima não dispõe de saneamento básico e poucas comunidades dispõem de água potável. "E o governo tem que interferir na melhoria da casa, da energia elétrica e da água potável, para melhorar também a saúde desse povo", ressaltou.

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