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Projeto busca produção de marfim vegetal no país

Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: Maura Campanili
30 de Jul de 2002

Semente de palmeira, com propriedades semelhantes ao marfim, pode virar alternativa de renda no Acre

Uma ação conjunta das organizações não-governamentais Centro de Trabalhadores da Amazônia (CTA) e BrasilConnects pretende organizar a produção e criar mercado no Brasil para o marfim vegetal, nome pelo qual é conhecida a semente da jarina, uma palmeira amazônica encontrada, encontrada nos estados do Acre, Rondônia e parte do Amazonas. Praticamente desconhecida no país, a espécie existe também no Equador, Peru e Colômbia, que movimentam cerca de US$ 50 milhões por ano com sua exploração e exportação, principalmente para os Estados Unidos.

A parceria, que acaba de ser formalizada, irá viabilizar estudos para levantamento de estoque, plano de manejo, coleta, beneficiamento e comercialização das sementes de jarina (phytelephas ssp) em dois assentamentos agroextrativistas no Acre: São Luís do Remando e Porto Dias. "Essas comunidades já trabalham com extrativismo madeireiro e não-madeireiro, mas a coleta da jarina é ainda uma atividade esporádica e desorganizada", explica Rocío Chacchi Ruiz, coordenadora da parte não-madeireira do Programa de Manejo Florestal de Uso Múltiplo do CTA.

O marfim vegetal é resultado do polimento das sementes de jarina. Com características físicas semelhantes ao marfim de origem animal (dureza, resistência, cor e brilho), é utilizado na produção de jóias, artesanato e objetos funcionais, como tarraxas de violão. "A espécie brasileira, com cerca de 3 cm de diâmetro, é menor do que a encontrada no Equador, com aproximadamente 6 cm, mas pode ser utilizada para as mesmas finalidades", diz Rocío.

O objetivo do CTA, segundo a bióloga, é não só organizar as famílias para a coleta, como prepará-las para chegar em um produto com o nível mais alto possível de beneficiamento e capacitados para gerenciar o negócio. Além do apoio financeiro de R$ 200 mil, em dois anos de projeto, a BrasilConnects - entidade com sede em São Paulo, voltada para incentivar ações voltadas para cultura e ecologia brasileiras - vai atuar na capacitação gerencial, na divulgação do trabalho e na identificação de potenciais mercados.

"Já estamos conversando com uma designer de jóias de São Paulo para criar um movimento de incentivo ao uso da jarina e outras matérias-primas amazônicas. Hoje marginal, a jarina pode se tornar uma alternativa importante de renda no estado do Acre", diz José Pascowitch, diretor da Brasil Connects.

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