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Projeto Alcoólico resgata índios do vício em MT

Funasa - www.funasa.gov.br/internet/Web%20Funasa/not/not2009/not1044.html
07 de Dez de 2009

Depressão, tristeza, angústia, desânimo e dependência alcoólica. Sinônimos da vida conturbada nas cidades, estas doenças psíquicas não se restringem mais apenas aos espaços urbanos. Os motivos não são mais os mesmos. Acostumados a beberem sua bebida tradicional, a Chicha - bebida fermentada feita à base de milho, arroz ou mandioca - em rituais funerários e batismos, os índios agora fazem uso do álcool em qualquer ocasião.

Devido às mudanças culturais incentivadas pelo contato com o não-índio, cerca de 6 mil indígenas, de 10 etnias de Mato Grosso, estão sendo beneficiados pelo 'Plano de Ação de Saúde Mental'. O objetivo é de promover ações de educação em saúde e intervenção ao consumo de bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas nas aldeias.

Tudo começou há quatros anos, com o médico Jaime Aguiar e o enfermeiro Amauri Arruda, da equipe multidisciplinar da Fundação de Apoio e Desenvolvimento da Universidade Federal de Mato Grosso (Uniselva), que diagnosticaram o agravamento do alcoolismo entre os índios bororo. A identificação deu origem ao Projeto Alcoólico Indígena (PAI), que já conseguiu resgatar 34 índios da dependência.

De acordo com Danielle Spagnol, uma das coordenadoras do projeto, o 'Plano de Ação de Saúde Mental' não só resgatou os índios do vício. Agora, eles atuam como multiplicadores, unidos pela filosofia do resgate cultural de não ingerir bebidas alcoólicas do não-índio.

O projeto inclui terapias ocupacionais, implementadas em consonância com as ideias discutidas pelos grupos e apresentadas à coordenação, como a confecção de artesanatos, plantação de banana, feijão, milho e mandioca para produção de farinha. Além disso, algumas etnias elaboraram cartilhas com orientações e ilustrações feitas pelos próprios índios, a fim de conscientizar suas comunidades.

Segundo Ândrea Maria Luciano, técnica de enfermagem responsável pelo desenvolvimento do projeto na etnia Paresí, alguns índios chegaram ao 'fundo do poço'. "Já ouvi relatos de índios que, com a falta de bebidas alcoólicas, passaram a ingerir perfumes, álcool etílico e até combustível", revela.

A enfermeira Fernanda Miranda, responsável pelas ações na etnia Nambikwara, conta que alguns índios têm resistência em tratar do assunto. "Sempre que vou às aldeias, converso com os caciques e lideranças para convocarem os membros a fim de participarem das reuniões", revela sua estratégia ao destacar que os trabalhos de prevenção também são realizados nas escolas. "Já existem casos de adolescentes que fazem o uso precoce da bebida e isso nos preocupa muito", aponta.

As ações são desenvolvidas pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Cuiabá, da Coordenação Regional da Funasa em Mato Grosso (Core/MT). Em junho deste ano, o 'Plano de Ação de Saúde Mental' ganhou projeção internacional ao ser apresentado no Congresso Internacional de Medicinas Tradicionais, Interculturalidade e Saúde Mental, realizado na cidade peruana de Tarapoto.
O Distrito promove, ainda, um levantamento do consumo de outras substâncias psicoativas, que servirá para identificar a existência de outros casos de dependências químicas. O 'Plano de Ação de Saúde Mental' beneficia, indiretamente, cerca de 6 mil índios das etnias Bororo, Umutina, Bakairi, Paresi, Guató, Irantxe, Enawene-Nawe, Myky, Chiquitano e Nambikwara.

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