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Projeção de consultoria mostra 9% de risco de racionamento

OESP, Economia, p. B6
11 de Jan de 2013

Projeção de consultoria mostra 9% de risco de racionamento
Apesar de o governo federal garantir que não haverá racionamento este ano, há 9% de possibilidades de o País ter...

Renée Pereira

Apesar de o governo federal garantir que não haverá racionamento este ano, há 9% de possibilidades de o País ter um programa de contingenciamento no consumo de eletricidade. As projeções são da consultoria PSR, que assessora o governo brasileiro e várias outras nações nas políticas energéticas.
"Mesmo com todas as térmicas ligadas (incluindo as que ainda não estão no sistema), há cenários em que os reservatórios chegariam ao fim de abril bastante vazios", diz o presidente da empresa, Mario Veiga. Nessa situação, acrescenta, a melhor alternativa seria um racionamento. A PSR produziu mais de 2 mil cenários hidrológicos, com as mesmas premissas adotadas pelo governo. "A única diferença é que nosso modelo é mais detalhado."
Nos cálculos da consultoria, para evitar que um racionamento se torne realidade, as represas das hidrelétricas terão de superar a marca de 38% de armazenamento. Abaixo disso, não há solução milagrosa. Hoje, na média de todos os sistemas, o nível dos reservatórios está em 30%, afirma Veiga. Ou seja, até o fim do período chuvoso, terá de subir 8 pontos porcentuais.
O grande drama, na avaliação de meteorologistas, é que as chuvas estão mais escassas neste início de ano. Para piorar, as chuvas que têm caído não ajudam a recuperar os reservatórios. Especialistas afirmam que a água precisa cair nas cabeceiras dos grandes rios, como o Grande e o Paranaíba. Juntas, as duas bacias representam quase metade do armazenamento da Região Sudeste.
Reservatórios. Na quarta-feira, depois de seis dias de quedas consecutivas, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste ficaram estáveis em 28,3%, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Desde o dia 2, as represas perderam 0,6 ponto porcentual de capacidade. Nos últimos dias, algumas hidrelétricas conseguiram melhorar o nível dos reservatórios, como as usinas nos Rios Paranapanema, Paraíba do Sul e Paraná - quase todos no Estado de São Paulo.
Em Minas Gerais, onde ficam os principais reservatórios do País, a situação ficou estável ou piorou. A Hidrelétrica Itumbiara, por exemplo, caiu mais um pouco, para 8,54% da capacidade. Furnas, uma das principais do País, seguiu no mesmo ritmo e terminou o dia com 12,27%.
No Nordeste, o nível dos reservatórios continuou em queda. Só na quarta-feira, caiu 0,3 ponto porcentual, para 29,9%. Os subsistemas Sul e Norte apresentaram melhora. Estão em 45,3% e 40%, respectivamente.
Para Mario Veiga, o mais importante neste momento é aprender com o susto e aperfeiçoar o sistema nacional. Ele conta que neste momento outros países também têm risco de racionamento. Um deles é o Chile.
Para o especialista Roberto Pereira D'Araújo, a situação atual é fruto de um erro de gestão do governo. "Meio ano de seca não é nada. De qualquer forma, o governo deveria ter ligado algumas térmicas para amenizar a situação. Há usinas de R$ 100 o MWh que ficaram desligadas enquanto o nível dos reservatórios caia." Na avaliação dele, com as usinas a fio d'água, sem reservatório, o País não poderá ficar sem térmicas para garantir a segurança do sistema. Na prática, isso significa que novas usinas terão de ser construídas, sejam elas a gás natural, carvão, diesel ou óleo combustível.

OESP, 11/01/2013, Economia, p. B6

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