Brasil Norte-Boa Vista-RR
Autor: Reynesson Damasceno
18 de Jun de 2004
A venda de peças artesanais com penas de araras, couro de jacaré, cascos de quelônio ou dentes de macaco, está proibida desde maio passado
A Funai está orientando os índios a confeccionarem produtos utilizando cerâmica ou madeira e não mais as penas, ou couros e dentes de animais
Desde maio deste ano, a Fundação Nacional do Índio (Funai) proibiu a venda de artesanato com subprodutos de animais silvestres, ou seja, não é mais permitida a venda de peças artesanais com penas de araras, couro de jacaré, cascos de quelônio ou dentes de macaco.
Nos locais de revenda desses produtos a informação é que as comunidades indígenas e os vendedores da Capital estão perdendo clientela por conta disso. No Centro de Artesanato, próximo ao Incra, a gerente do local, Raimunda Vieira, disse que desde a proibição o prejuízo foi geral.
"A Polícia Federal levou todos os produtos com penas e agora os índios não estão mais mandando nada para vender aqui em Boa Vista", reclamou.
Conforme a gerente, mais de 10 índios do sul do Estado, incluindo das etnias Wai-Wai, forneciam produtos artesanais para revenda no Centro, mas a falta de clientela fez com que as peças encalhassem e não houvesse mais produção. "Deixamos de vender principalmente o cocar e a tiara, que geralmente têm mais saída nesse período de junho, agora sem a autorização não dá para vender", disse.
CIR
O assessor de comunicação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), André Vasconcelos disse que o CIR tem orientado os índios das 240 comunidades, porém ele acredita que essa norma ainda é recente e vai demorar um pouco para que todos se acostumem.
Na opinião dele, o repasse das informações deve ser feito principalmente pela Funai local.
Funai
O administrador da Funai/Roraima, Benedito Rangel, disse que o órgão está divulgando nas comunidades a norma nacional com base na Legislação Ambiental para não confeccionar peças artesanais com subprodutos de animais silvestres.
Na orientação dada aos índios ele disse que a sugestão é para que sejam confeccionados produtos utilizando a cerâmica e madeira e não mais as penas, ou couros e dentes de animais.
"A medida foi tomada para evitar matança de animais, principalmente por causa do mercado paralelo de artesanato", disse.
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