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Programação especial abre semana dos povos indígenas

O Liberal-Belém-PA
Autor: José Ibanês
14 de Abr de 2003

A programação da comemoração da Semana dos Povos Indígenas, que teve início no dia 12, e vai até sábado, 19, está sendo coordenada pelo Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns. Além de eventos que foram realizados na cidade, a programação também tem um destaque especial para eventos fora da área urbana, que deverá ter uma participação maior de grupos indígenas. Na semana dos povos indígenas, as comunidades e grupos indígenas da região comemoram a resistência que vem tendo perante o processo de aniquilação de sua cultura e renovam as esperanças de demarcação de terras indígenas.

A programação foi iniciada às 19h, com uma celebração indígena, numa igreja católica da periferia da cidade. Ontem, 13, às 4h da tarde houve uma exposição de artesanatos indígenas na orla de Santarém. Às 19h, show na praça da Matriz com cantores da terra. No decorrer da semana, serão realizadas palestras em escolas, igrejas e na sede do Grupo Consciência Indígena haverá exposição de artesanatos indígenas. Fora da área urbana, a programação será feita na comunidade Aminã, no Arapiuns. Na sexta-feira, 18, o conselho irá para Aminã, onde à noite haverá uma celebração da Memória da Paixão na História do Índio. No sábado, 19, haverá maratona e jogos indígenas, na parte da tarde. A noite será marcada por rituais e festa. No domingo, 20, o banho de praia durante todo o dia encerrará a programação.

O presidente do Conselho Indígena, Gedeão Monteiro acredita que a programação serve também como um momento de reflexão, para a atual situação das populações indígenas na região. "Temos de refletir nossa situação, além disso, precisamos valorizar nossa cultura e nossas raízes", disse Gedeão.

Conselho quer repassar terras a índios

O Conselho Indígena Tapajós Arapiuns, que representa cerca de 32 comunidades indígenas nas margens dos rios Tapajós e Arapiuns, quer que seja feita a demarcação de uma área indígena na Resex Tapajós Arapiuns. Conforme o conselho, na resex, cerca de 27 comunidades já se declararam indígenas e querem que seja feita a demarcação de suas terras. A vontade dos indígenas já provocou muita polêmica envolvendo o conselho e a administração da resex, que é contra a demarcação.

De acordo com Gedeão Monteiro, as comunidades não querem tomar as terras de ninguém, mas somente que sejam atendidas no direito de terem suas terras demarcadas. Para ele, a demarcação é a única forma de evitar a extinção.

O conselho já enviou ofício à Fundação Nacional do Índio - Funai, para que seja enviada para a região uma equipe de antropólogos, sociólogos e outros estudiosos, que deverão fazer a identificação das áreas e a pesquisa que dirá se as comunidades que querem a demarcação são mesmo indígenas. A identificação é o primeiro passo para que seja feita a demarcação das terras, e se for confirmada a origem dos povos das comunidades, a área deverá mesmo ser demarcada. Os que são contra a demarcação alegam que a área pertence à união e acreditam que uma demarcação de terras indígenas na Resex só poderá ser feita com aprovação do Congresso. Caso isso ocorra, o sonho das comunidades indígenas poderá estar ainda muito longe, levando-se em conta a lentidão do Legislativo.

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