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Programa nutricional avalia crianças Xerente

Jornal do Tocantins-Palmas-TO
Autor: Jorge Gouveia
11 de Jun de 2003

Com a avaliação nutricional de crianças de 0 a 6 anos de tribos indígenas do Tocantins, o Programa Estadual de Alimentação e Qualidade de Vida (Provida) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) pretendem realizar ações de saúde entre as 1.882 crianças das etnias Krahô, Karajá, Xerente, Xambioá, Apinajé e Javaé.

O programa, que conta também com a perceria da Pastoral da Criança, está percorrendo todas as aldeias pesando e medindo as crianças. Dentro do cronograma, foi realizada ontem a pesagem na Aldeia Funil, da etnia Xerente, em Tocantínia, a 80 quilômetros, concluindo assim uma série de 38 aldeias na região, onde somam 554 crianças. A próxima e última etnia será a Javaé, na Ilha do Bananal, onde 291 crianças passarão pelo mesmo processo de pesagem e medição da altura. Antes, já tinha passado pela avaliação, crianças das etnias Krahô, Xambioá e Apinajé.

De acordo com a coordenadora do Provida, Maria da Cruz Vieira, a partir deste diagnóstico inicial o Provida, a Funasa, a Secretaria de Saúde e a Pastoral da Criança irão elaborar um curso de alimentação, conforme as características de cada tribo. Para isso, uma equipe de nutricionistas já está realizando avaliações.

"O nosso objetivo é ver onde está o foco maior de crianças desnutridas e realizar um trabalho de segurança alimentar, incentivando-as ao resgate de sua própria cultura, no entanto tudo que for feito será discutido dentro da comunidade indígena", explicou, acrescentando que, no caso dos Xerentes, no período de seca, aumenta o processo de desnutrição. "Nós vamos discutir com eles todas as ações para posteriormente acionar as autoridades para que seja feita uma interveção que os beneficie".

Maria da Cruz informa ainda que, nas aldeias Xerente, uma das soluções seriam as "roças de toco", onde eles plantariam mandiocas, legumes, arroz, feijão e milho. Segundo a coordenadora do Provida, na própria aldeia Funil, existe uma fábrica de farinha, mas que está paralisada em função da falta de matéria-prima, ou seja, a mandioca.

Impressão
No caso da Aldeia Funil, a engenheira alimentar da Secretaria de Saúde, Deana de Paula, explicou que, pelas primeiras impressões, as crianças não estão subnutridas, mas disse às mulheres da aldeia que mantenham a amamentação o mais que puderem. "O que a gente está orientando é que a mãe insira uma sopinha de legumes, um mingal de fubá e que passem a utilzar as próprias folhas que eles tem no quintal e que são alimentos".

Com o objetivo de capacitar as mães da Aldeia para a situação alimentar, a coordenadora diocesana da Pastoral da Criança informou que o trabalho consiste em fazer com que todas as mães acompanhem as crianças da comunidade. "Através deste acompamhamento nós vamos fazer avaliações mensais. Este trabalha começa a partir de agosto quando vamos estar incentivando a alimentação através da própria cultura indígena. Queremos capacitá-los para que utilizem tudo que eles têm aqui. Desde remédios a alimentação", informou.

Índios
"Quando eu era pequeno, os fazendeiros chegaram antes da demarcação e acabaram com tudo, hoje não tem mais caça, não tem mais peixe, os pescadores atiram tarrafa no rio e retiram tudo", conta o índio Murilo Xerente, lembrando que naquela região haviam pacas, veados, caititus, cutias e quatis e que, no rio Tocantins, haviam vários peixes.

Visitas
As próximas aldeias a serem visitadas serão Canoanã e Barreira Branca nos dias 23 e 24, São João dia 25, Boto Velho, Wari-Wari, Cachoeirinha e Taimã em 26 e 27, Imotxi, Nova,Txuiri Rio Verde, Txuodé, Canela e Pankarahú nos dias 28, 29 e 30 de junho.

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