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Programa Mais Médicos permite que reserva indígena no Pará tenha médico exclusivo

Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS/OMS - www.paho.org
30 de Dez de 2015

Reserva Indígena Trocará, 30 de dezembro de 2015 - A Reserva Indígena Trocará está localizada a 24 km ao norte do município de Tucuruí e a aproximadamente 432 km de Belém, capital do Estado do Pará. Com 21.722 hectares de terra, abriga quatro aldeias e conta com pouco mais de 800 habitantes das etnias Asurini, Anambé e Amanaé. Pela primeira vez, a reserva conta com médico exclusivo. Desde março de 2014, o cubano Michel Almaguer Riberón, integrante do Programa Mais Médicos, atende a comunidade.

"Para mim, é uma experiência única na vida, porque a gente só conhecia índios por literatura, por livros. É uma experiência inigualável na riqueza cultural que eu estou conhecendo. E eu estou fazendo também o curso de Antropologia em Saúde, dentro da especialidade de Saúde Indígena, que forma parte do nosso trabalho no Programa Mais Médicos. "

A rotina de Michel inclui o atendimento a mais três aldeias dentro da reserva, além da aldeia principal, Trocará. O médico permanece por uma semana dentro da reserva fazendo as visitas. Ao final deste período, retorna ao município de Tucuruí, onde faz o curso de especialização, resolve questões administrativas de saúde das aldeias e tira seus dias de folga, até retornar para mais uma semana dentro da reserva.

"Para nós indígenas, o atendimento ficou muito bom com o Programa Mais Médicos. Porque antes a gente tinha que ir para o município, tentar marcar uma consulta, tentar uma ficha para um clínico geral. A gente não tinha esse privilégio, de ter um médico dentro da área. Mas com a vinda do Programa se tornou mais fácil para a gente conseguir atendimento e medicamento", diz Waitahoa Assurini, presidente do Conselho Regional Indígena da Reserva Trocará.

O cacique da Aldeia Trocará, Jakamiramé Assurini, só fala tupi e precisou de uma intérprete para dar seu depoimento. Ele disse que ter um médico na aldeia é muito bom porque ele está cuidando da saúde dos índios e que antes não havia como o seu povo fazer tratamento com remédios. O cacique afirmou que, antes da chegada de Michel, os índios morriam mais facilmente.

Segundo o médico cubano, os maiores problemas da comunidade indígena são anemia por déficit nutricional, parasitismos, disenteria e a falta de higiene e condições precárias de vida. Além de combater diretamente as doenças, Michel faz palestras de conscientização nas aldeias. "É uma experiência que nós aprovamos. Foi muito boa a presença dele aqui. Ele é um parceiro da escola, e teve a excelente ideia de dar palestras sobre saúde para os alunos", diz o professor da reserva, Wairemoa Assurini.

O médico cubano conta que os índios são muito reservados, muito fechados ao diálogo e que no início é muito difícil conseguir a confiança deles. "Até para eu me aproximar deles era difícil no começo. Você tem que ir devagar e ter muita atenção e cuidado com eles. Mas, quando eu finquei o pé aqui nessa aldeia, senti que fui muito bem acolhido por eles, até o dia de hoje".

"A gente realmente aprova a presença dele aqui. Ele foi uma pessoa que não mediu esforços para ajudar a comunidade. E, no que depender da gente, e eu falo em nome das lideranças e dos caciques, ele vai ficar aqui para o resto da vida, porque ele está fazendo um excelente trabalho para os índios", elogia o professor Wairemoa.

O Programa Mais Médicos está presente em todos os 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Brasil, contando com 292 médicos cubanos.

A previsão é de que o médico Michel Almeguer Riveron permaneça até março de 2017 trabalhando no país.

Série Mais Médicos - Vídeo

A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil estruturou uma série de reportagens sobre o Programa de Cooperação Técnica Mais Médicos. A cada edição será apresentado um vídeo mostrando a experiência do programa em alguma região do país.

O objetivo dos vídeos é refletir, em linhas gerais, o andamento da cooperação, desde a chegada dos médicos cubanos, o processo de formação, a integração com outros profissionais, a percepção da população, os resultados obtidos, os avanços, os processos de inovação e a troca de experiências.

Neste vigésimo quinto episódio, Reserva Trocará - PA, o vídeo mostra a opinião do Presidente do Conselho Regional Indígena da Reserva Trocará, do cacique da aldeia, do professor indígena e do médico em exercício.

Programa Mais Médicos permite que reserva indígena no Pará tenha médico exclusivo

O Programa Mais Médicos

O Mais Médicos é um Programa de saúde lançado em 8 de julho de 2013 pelo Governo Federal, cujo objetivo é suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades do Brasil.

Médicos brasileiros tiveram prioridade em preencher as vagas do programa. As vagas remanescentes foram oferecidas primeiramente a brasileiros formados em universidades no exterior e em seguida a médicos estrangeiros, que trabalham sob uma autorização temporária para praticar Medicina, limitada à provisão de atenção básica de saúde e restrita às regiões onde serão direcionados pelo Programa.

A OPAS/OMS no Brasil e o Ministério de Saúde assinaram um Termo de Cooperação para colaborar na expansão do acesso da população brasileira à atenção básica de saúde. O termo inclui diversas linhas de ação, desde documentar, disseminar informação a prover aconselhamento técnico e apoio à capacitação e treinamento continuado aos médicos selecionados, seguindo as recomendações do Código Global de Práticas em Recrutamento Internacional de Pessoal de Saúde da OMS. A OPAS/OMS também assinou um Acordo de Cooperação de natureza similar com o Ministério de Saúde Pública de Cuba.

Os médicos cubanos trabalham nos municípios que não foram selecionados por nenhum médico (brasileiros ou estrangeiros) nas primeiras rodadas de recrutamento. A maioria destes municípios tem 20% ou mais da população vivendo em extrema pobreza, e a maior parte deles está nas regiões Norte e Nordeste do país. Todos os médicos fazem um treinamento de três semanas de duração, uma semana de acolhimento nos estados aos quais serão destinados e um módulo de avaliação.

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