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Professores Yanomami participam do III Curso de Formação de Professores Yanomami para o Magistério -Economia, Ecologia e

CCPY-Boletim Yanomami no. 38-Boa Vista-RR
11 de Jun de 2003

A Comissão Pró-Yanomami (CCPY), juntamente com a Urihi-Saúde Yanomami, o Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya) e a Diocese de Roraima, está realizando o III Curso de Formação de Professores Yanomami para o Magistério, intitulado "Economia, Ecologia e Tecnologia", com a participação de 126 yanomami, sendo 111 professores e 15 líderes tradicionais. A abertura do curso ocorreu dia 1o último, na Casa Paulo VI, em Boa Vista, Roraima, e o encerramento será no final deste mês.
A cerimônia começou por volta das 9h30, com os agradecimentos do coordenador do Projeto de Educação da CCPY, Marcos Oliveira, às entidades e instituições que apoiaram a iniciativa, como a Rainforest da Noruega, o Exército brasileiro, a Fundação Nacional do Índio e a Fundação Cartier da França.
O líder Davi Kopenawa afirmou que a escola é como uma ferramenta de que os Yanomami agora lançam mão para poderem conviver melhor com os não-yanomami e poderem garantir seus direitos enquanto cidadãos brasileiros. Davi discursou por quase uma hora. Primeiro ele falou na língua do seu povo para os líderes e participantes indígenas. Em seguida, em português, para os visitantes, cerca de 100 pessoas. O elevado número de índios e convidados, quase 230 no total, fez da abertura do III Curso um grande evento na capital roraimense, atraindo a atenção dos meios de comunicação local.
A cerimônia de abertura não foi apenas um momento festivo para índios e não-índios. Foi sobretudo um momento para mostrar à sociedade de Roraima que é possível construir uma nova relação, forjada com a tolerância, respeito e colaboração, da qual participam organizações não-governamentais, igreja, militares e governos estadual e federal, contando ainda com a colaboração internacional, por meio da Rainforest da Noruega e da Fundação Cartier da França.
O General de Brigada, Paulo Studart Filho, Comandante da 1ª Brigada de Infantaria da Selva-Exército Nacional, reafirmou a disposição dos militares de criar e manter um canal de diálogo com os Yanomami, para que o convívio entre o Exército e os índios seja sustentado no respeito e na colaboração mútua. O Exército pôs à disposição dos Yanomami o seu Búfalo para transportar os professores das regiões de Surucucus e Auaris para Boa Vista, e se comprometeu a levá-los de volta.
O Administrador Regional da Funai em Boa Vista, Martinho Alves de Andrade Junior, manifestou o seu contentamento com a realização de mais um curso de Formação de Professores Yanomami, e Norberto Cruz, Vice-coordenador do CIR (Conselho Indígena de Roraima), reafirmou o seu apoio aos Yanomami e enfatizou a necessidade de os povos indígenas de Roraima se unirem para assegurar os seus direitos garantidos por lei.
Participam deste terceiro curso de Formação de Professores Yanomami para o Magistério professores de 19 regiões da Terra Indígena Yanomami: Demini, Toototobi, Parawau, Homoxi, Alto Catrimani, Paapiú, Kayanau, Surucucus, Hakoma, Arathaú, Parafuri, Auaris, Ajuricaba, Marauiá, Catrimani, Ajarani, Ericó, Aracá e Alto Mucajaí. Os participantes falam várias línguas que compõem a família lingüística yanomami, a saber: Xamathari, Yanomae, Sanuma, Ninam e Yawari, o que levou os organizadores a criar turmas e produzir materiais em cada uma delas, de modo a garantir a formação adequada dos professores yanomami, que, juntos, atendem a uma população estudantil de 1.407 alunos.

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