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Professores Yanomami e Comissão Pró-Yanomami reivindicam participação no Conselho Estadual de Educação Indígena do Amaz

Boletim Yanomami no. 29
02 de Ago de 2002

Professores e CCPY enviam carta à presidência do CEEI e indicam representantes

Professores Yanomami enviaram, dia 15 de julho, carta ao presidente do Conselho Estadual de Educação Indígena do Amazonas, Jecinaldo Barbosa Cabral, reivindicando participação na instituição. No documento, assinado por representantes dos grupos das regiões de Demini, Toototobi, Parawau, Ajuricaba, Marauiá e Aracá, eles argumentam que querem trabalhar em conjunto com os demais professores indígenas do estado e participar das discussões do Conselho. Para isso, indicaram dois representantes Antônio Paquidari Dias, como titular, e Dário Vitório Watorikï, como suplente, para representá-los no CEEI. Os dois foram escolhidos durante o curso Economia e Ecologia, realizado na Aldeia Ajuricaba, município de Barcelos (AM), que reuniu 76 professores Yanomami.

A mesma reivindicação foi apresentada pela Comissão Pró-Yanomami (CCPY), por intermédio do coordenador do seu Programa de Educação Intercultural (PEI), Marcos Wesley de Oliveira.

A Comissão Pró-Yanomami deseja ter assento no Conselho como "organização não-governamental que atua na área da Educação Escolar Indígena no Estado do Amazonas". Na carta Marcos Oliveira destaca o trabalho da Comissão Pró-Yanomami em 14 escolas Yanomami no Amazonas - nas regiões de Demini, Toototobi e Parawau - e em outras 20, em Roraima - nas regiões de Homoxi, Alto Catrimani e Paapiu.

O Programa de Educação Intercultural da CCPY realiza acompanhamento pedagógico das escolas, por meio de visitas periódicas às aldeias. Este trabalho conta com seis assessores não-indígenas que falam a língua Yanomami. Além disso, em parceria com as ONGs Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya) e Urihi-Saúde Yanomami, o PEI vem oferecendo formação a nível de magistério a 90 professores yanomami. A expectativa do coordenador do PEI é de que esta formação, cuja proposta curricular está em fase de conclusão e deverá ser entregue aos CEEI do Amazonas e de Roraima nos próximos meses, seja, ainda este ano, reconhecida pelos dois conselhos.

Marcos Oliveira argumenta que é imprescindível o apoio do CEEI/AM, por meio da experiência dos seus integrantes indígenas e não-indígenas, para levar adiante a importante tarefa de apoiar os Yanomami no fortalecimento da sua forma de vida autônoma nas suas terras tradicionais. A participação de um representante da Comissão Pró-Yanomami no Conselho, segundo o coordenador do PEI, possibilitará a troca de experiências com os integrantes e permitirá compartilhar os resultados da atuação com os Yanomami.

O CEEI do Amazonas, vinculado à Secretaria Estadual de Educação, é composto por 17 índios e 12 não índios, sendo oito deles membros de órgãos governamentais e quatro não-governamentais. Jecinaldo Cabral, presidente do Conselho, é um índio Sateré Maué, que reconhece a importância da participação de representantes dos professores Yanomami e da CCPY na instituição.

A seguir a íntegra da carta dos professores Yanomami:

"Nós estamos mandando esta carta para vocês do Conselho Estadual de Educação Indígena do Amazonas. Nós também temos muitas escolas em nossa terra. Por essa razão, nós queremos realmente nos tornarmos professores.
Com essa certeza, nós estamos mandando esta carta.
Nós, professores, queremos dizer isso nesse documento, por isso estamos escrevendo.
Somos dos grupos do Demeni, do Toototobi, do Balawau, do Ajuricaba, do Marauiá e do Aracá.
Nós queremos um representante nosso no CEEI/AM. Nós queremos entrar em agosto, na próxima reunião dos Conselheiros.
Durante o Curso de Formação dos Professores Yanomami, nós escolhemos nossos representantes: Antônio Paquidari Dias foi escolhido como titular e Dário Vitório Watoriki como suplente.
Quando os professores Indígenas forem se reunir, nós, professores Yanomami, queremos escuta-los e participar das discussões, para que esses professores indígenas reconheçam os professores Yanomami. Nós queremos trabalhar em conjunto com o corpo de professores indígenas do Amazonas."

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