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Professores índios querem ser convocados

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: JÂNIO TAVARES
06 de Mar de 2005

Lideranças de entidades indígenas do Estado, representantes do Conselho Nacional de Educação e da UFRR (Universidade Federal de Roraima), estiveram reunidos na manhã de ontem, no Diretório Central dos Estudantes (DCE), para discutirem alternativas a fim de pressionar o Governo do Estado a assinar o termo aditivo do convênio para a segunda etapa do Núcleo Insikiran, que tem o objetivo de dar formação superior em Licenciatura Intercultural aos professores indígenas do Estado.
Outro ponto colocado como pauta no encontro é a demora do Poder Executivo estadual em convocar os 700 índios aprovados no processo para o cargo de professor, realizados no final de 2004.
Segundo a diretora da Escola Boca da Mata, Pierlândia Nascimento da Cunha, além da falta de material didático e merenda escolar, a não convocação dos professores está prejudicando o funcionamento das escolas indígenas, que estão há quase um mês sem aulas. Antes de tomar qualquer atitude legal, a categoria pretende marcar uma audiência com o governador Ottomar Pinto (PTB) para tratar do assunto.
"Nos já procuramos a secretária de Educação, Ilma Xaud, para conversar sobre o problema, mas até agora nada foi feito. A Educação em Roraima infelizmente se encontra abandonada. Será que teremos que sacrificar a população indígena por conta desse descaso", criticou a professora.
A representante do Conselho Nacional de Educação, Francisca Paresi, disse achar lamentável a situação ao qual se encontra a Educação no Estado. "O mais triste desse problema é que as crianças estão sendo bastante prejudicadas com a falta de aula nas escolas indígenas. A população tem que procurar um meio para resolver esse problema com as autoridades enquanto é cedo", reclamou.
INSIKIRAN - O coordenador-geral do Núcleo Insikiran de Formação Superior em Licenciatura Intercultural para professores Indígenas da UFRR, Fábio Almeida de Carvalho, comentou que o atraso na assinatura do convênio para o início do curso da nova turma está prejudicando o andamento dos trabalhos a serem realizados pela instituição.
"Esperamos que o Governo do Estado se sensibilize com essa situação, pois trata-se de um curso importante não só para a Universidade, mas para os povos indígenas de Roraima. Temos a pretensão de forçar o diálogo com o governo, através da Secretaria de Educação, pois é um compromisso institucional que foi firmado ainda na gestão do ex-governador Flamarion Portela com a UFRR, órgãos e entidades indígenas, que deve ser concluído no governo Ottomar", comentou.
OPIR - O coordenador-geral da Organização dos Professores Indígenas de Roraima (Opir), Enilton André da Silva, afirmou que, caso esses problemas não sejam solucionados, a categoria irá procurar seus direitos através do Ministério Público Estadual (MPE) e Defensoria Pública Estadual.
"É uma falta de cidadania o que está acontecendo atualmente na Educação no Estado, principalmente com os povos indígenas, pois 700 professores foram aprovados no processo seletivo e não estão podendo assumir seus cargos. Os índios também têm direitos como todo o cidadão brasileiro. Todos têm direitos a emprego e a uma profissão superior, como o Insikiran, que hoje, é um dos cursos mais importantes em Roraima. Queremos que o governo reveja essa situação, pois muitos estão sendo prejudicados", reclamou.
SECRETARIA - A Folha entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Educação (Secd) para tratar sobre o assunto, mas não recebeu nenhuma resposta até o fechamento da matéria

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