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Produtos organicos sao mais rentaveis

GM, Rede Gazeta do Brasil, p.B14
18 de Out de 2004

Produtos orgânicos são mais rentáveis
A produção sem uso de defensivos é uma alternativa para melhorar a situação das pessoas que estão nos minifúndios. Mesmo com grande parte dos projetos ainda em fase de maturação, os agricultores da grande Florianópolis que optaram pela produção orgânica estão obtendo rentabilidade maior em suas proprie-dades do que os que seguem no método tradicional, mostra estudo realizado pelo Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Cepa). A pesquisa foi realizada na região pelo órgão em 40 propriedades que adotaram a produção sem produtos químicos e em outras 40 que mantiveram a tecnologia tradicional. O valor agregado (valor bruto menos os gastos intermediários para realizar a produção) obtido pelos agricultores orgânicos de hortifrutigranjeiros é, em média, 25,2%, superior a dos outros agricultores em decorrência dos preços mais remuneradores e dos custos menores da produção orgânica.
Como a maioria das propriedades pesquisadas tem menos de 20 hectares, a produção orgânica é uma alternativa para melhorar a situação das pessoas que estão nos minifúndios, diz o secretário executivo do Instituto Cepa, Ademar Paulo Simon. Mas, se por um lado o estudo constatou que impressionantes 45% dos produtores que estão na agricultura tradicional pensam em aderir à orgânica, por outro, descobriu que boa parte dos que são atraídos para o método que dispensa agro-químicos acabam voltando para o cultivo tradicional. Os pesquisadores encontraram na região apenas 40 dos 52 produtores cadastrados em 2001 como orgânicos no Cepa.
É bem provável que a diminuição tenha sido motivada pelas dificuldades da fase de conversão e pela queda de renda nesse momento, decorrente da necessidade de adaptação do solo, dizem Rubens Altmann e Ana Carla Oltramari, pesquisadores que elaboraram o estudo. "Quando um produtor não tem o perfil adequado e a alteração de seus hábitos e rotinas é considerada por ele como grande demais, é possível que ele retorne à situação anterior, mesmo que isto signifique abrir mão das vantagens econômicas", dizem os autores.
Por isso, Simon defende a necessidade de criar um pacote de estímulos para que o agricultor consiga vencer essa etapa transitória. O ponto central seria a criação de linhas de financiamento específicas, com prazos de carência maiores, para vencer o período de perda de produtividade. "Uma alternativa seria adaptar as linhas do Pronaf (Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar). O pacote de apoio deveria dar atenção à assistência técnica", afirma.
Menos mão-de-obra
A pesquisa ainda desmistifica a crença de que a produção orgânica exige mais mão-de-obra. Segundo o levantamento, na produção de hortifrutigranjeiros na Grande Florianópolis os produtores orgânicos ocupam o equivalente a 2,91 homens/ano por estabelecimento, contra 3,9 nos que seguem na agricultura convencional. Um equivalente-homem na agricultura orgânica explora 5,55 hectares, contra 4,16 na convencional.
Altmann e Ana Carla associam a ocupação de menor quantidade de mão-de-obra na produção orgânica à redução do tempo gasto no controle de pragas e doenças, já que nas demais práticas não há diferenças importantes nesse sentido. "Na produção convencional, a utilização de agrotóxicos é intensa (por vezes exagerada) e há elevado número de pulverizações", dizem. E citam como exemplo o tomateiro, um dos campeões na aplicação de defensivos químicos, e em cuja produção é comum haver pulverização a cada três dias.
O grande número de produtores interessados em migrar para a produção orgânica é interpretado por Simon como um sinal de que hoje o número de produtores orgânicos em Santa Catarina já deve ter superado os 706 detectados em outra pesquisa, realizada em 2002. Ele chama atenção para a necessidade de o consumidor exigir selos de conformidade com as normas de produção orgânica na hora de fazer as compras. Dos 40 agricultores que participaram da pesquisa, sete (17,5%) não tinham certificação.

kicker: 45% dos produtores tradicionais pensam em aderir à orgânica

GM, 18/10/2004, p. B14

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