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Produtores são contra expansão de reservas indígenas no MT

Diário de Cuiabá
Autor: Keka Werneck
22 de Ago de 2006

Um grupo de trabalho se reuniu ontem pela segunda vez na Federação da Agricultura e Pecuária para estudar estratégias que coíbam a expansão de terras indígenas em Mato Grosso. A discussão tem sido unilateral, já que não conta com palavra de qualquer representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) e das mais de 30 etnias que habitam o Estado. Agricultores e pecuaristas têm o apoio de sindicatos rurais, prefeituras de 44 municípios, da Assembléia Legislativa e Associação Mato-grossense dos Municípios.

Julgam que os 18,322 milhões de hectares em reservas que já existem em Mato Grosso são mais do que suficientes para atender à demanda dos povos, em favor dos quais tramitam pedidos de mais 5,568 milhões de hectares na Funai de Brasília.

O historiador Adauto Carvalho faz parte do grupo. Há 15 anos atua em um ramo que considera um nicho. Presto serviço em contestação de área indígena”. Segundo ele, age contra a fábrica de índios”, se referindo a grupos que vão surgindo e requerendo, injustamente”, terras em diversos pontos do Estado. Em defesa dos fazendeiros, comenta apenas que se existe uma dívida história com os povos indígenas, que ela seja paga por toda a sociedade e não apenas por eles.

Um dos pedidos de ampliação de terra indígena é de Juína (737 quilômetros de Cuiabá). O município tem 2 milhões de hectares. São reserva 742 mil. A Funai requer mais 240 mil. O presidente da Associação dos Proprietários Rurais Pesquisa/Rio Preto, Aderbal Bento, da cidade, reage. Diz que, se Brasília acatar, 371 proprietários rurais serão despejados, sendo a maioria pecuaristas, não tendo onde por para pastar 60 mil cabeças de gado. Os enawenê nawê e cinta larga que vivem lá há 30 anos não têm nem tradicionalidade nem permanência”, acusa ele. Indagado sobre sua origem, Bento conta que é do Paraná e vive em Mato Grosso, há 18 anos. Outra questão que Bento coloca é que é muita terra para pouco índio. Eles são só 400”, opina.

O prefeito Pedro Brunetta administra uma cidade nova, de apenas 6 anos - Santo Antônio do Leste (240 quilômetros de Cuiabá) - que surgiu pela força da soja. Ele calcula que 21 propriedades rurais serão engolidas na possível expansão da reserva xavante e uma usina de álcool corre o risco de não ser instalada.

A Funai responde apenas que é movida pela reivindicação dos índios e que as expansões das terras indígenas se dão para corrigir falhas. Diz ainda que os produtores de soja é que a todo momento tentam empurrar fronteiras e não se conformam com a existência de reservas.

(Título original: Produtores e AL contra expansão)

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