Folha de Boa Vista-RR
17 de Set de 2001
Os agricultores da vicinal 29, do município de São João da Baliza, estiveram reunidos durante o final de semana com os deputados estaduais da Comissão Especial da Assembléia Legislativa. Participaram do encontro Bernadindo Cirqueira (PSDB), Chico Guerra (PPB), Helder Grossi (PSDB), Gelb Pereira (PDT) e Mecias de Jesus (PSL).
Preocupados em perder seus lotes para a Funai (Fundação Nacional do Índio), os agricultores relataram a situação vivida por eles aos parlamentares. São mais de 20 famílias que dependem da terra para tirar o sustento e que só agora descobriram o problema com a Funai.
Os agricultores afirmam que foram os primeiros a habitar a região em 1985, e nessa época um fazendeiro chegou a pedir na Justiça a retirada de todos, apresentando um título de posse da década de 30.
ÁREA
Em 23 de abril, o Diário Oficial da União publicou a portaria do Ministério da Justiça de no1775, declarando a posse permanente do grupo indígena Wai-Wai às terras localizadas nos municípios de Caracaraí, Caroebe, São Luiz do Anauá e São João da Baliza. Os agricultores da vicinal 29 ocupam cerca de 10 quilômetros dessa área.
A área destinada aos Wai-Wai é de 405 mil hectares, e o perímetro aproximado é de 309 quilômetros. O artigo terceiro da portaria cita que "a Funai promoverá a demarcação da terra indígena ora declarada, para posterior homologação pelo presidente da República".
O medo dos agricultores em perder seus lotes teve início há cerca de um mês, quando, segundo eles, funcionários da Funai estiveram na vicinal fazendo um levantamento dos lotes.
"Meu filho perguntou se podia fazer uma casa e eles disseram que não, porque não íamos demorar muito tempo mais nesse lugar", disse a moradora Rosa Madalena Morais.
"Eles tiraram fotos de lugares que só tinha mata", complementou a moradora Creuza Rodrigues.
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