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Processo Seletivo para Povos Indígenas teve poucos candidatos na UFPA

UFPA - http://www.portal.ufpa.br/
Autor: Julize Garcia
15 de Jan de 2012

A Universidade Federal do Pará (UFPA) realizou neste domingo, 15, o Processo Seletivo para Povos Indígenas 2012. Mas poucos candidatos atenderam ao chamado da Instituição. Dos 64 inscritos em todo o Estado, 17 faltaram: nove, no Campus da UFPA, em Belém; seis, no campus de Marabá; e dois, em Altamira.

Por causa do número baixo de participantes, a Comissão do Concurso para Seleção Diferenciada decidiu realizar, ainda na manhã deste domingo, em Belém, a segunda etapa do PSE, que só começaria no turno da tarde. A segunda fase consiste em entrevistas individuais que incluem análise de histórico escolar do Ensino Médio e Declaração de pertencimento, documento comprobatório que demonstra a vinculação social, cultural, política e familiar do candidato indígena com alguma etnia. Sete candidatos foram entrevistados pela manhã e à tarde outros sete participaram da seleção, na capital paraense. Em Altamira e Marabá, permanece o cronograma previsto anteriormente, com entrevistas que seguem também nesta segunda-feira, 16, pela manhã e à tarde.

Redação - Os candidatos fizeram uma prova de língua portuguesa, sob a forma de redação, na qual tiveram que elaborar uma narrativa sobre a vida deles. A índia Maria Lucivânia Teixeira Ribeiro conta que destacou a sobrevivência na aldeia Tembé, onde viveu até os 15 anos, no município de Capitão Poço, nordeste do Pará. "Eu sai de lá porque só tinha até a quinta série do ensino fundamental, e vim pra capital para terminar meus estudos," lembra. Lucivânia concorre a uma vaga no curso de enfermagem, em Belém.

A índia Daiana Leandro Munduruku, de 23 anos, é prima e concorrente de Lucivânia, no concurso. A diferença entre as duas é que Daiana ainda vive na aldeia e veio a Belém especialmente para fazer a prova. "É um sonho me tornar enfermeira e ajudar meu povo", diz. "Lá não tem índios formados, posso ser a primeira, e também há carência de profissionais de saúde", afirma.

A índia Jesus Mery, da etnia Tukana, do Alto Rio Negro, no Amazonas, tenta vestibular para medicina pela terceira vez; a primeira aqui no Pará, onde mora há três anos. Ela já fez o concurso outras duas vezes, no Amapá, mas não teve sucesso. "Agora estou confiante. Fiz uma boa prova, estou um pouco nervosa com a entrevista, mas acredito que vai dar tudo certo", confessa. Jesus conta que gostaria de atuar como médica na região dos Tembé, aqui no Pará. "Na aldeia é tudo muito difícil. Índio, quando se consulta com médico branco, tem vergonha. Acho que eu, como índia, poderia ajudar mais", acredita.

Vagas extintas - O coordenador pedagógico do Centro de Processos Seletivos (Ceps) da UFPA, Arquimimo Almeida, explica que o número de vagas criadas para a concorrência exclusiva dos indígenas, em 2012, foi de 352. Dessas, 178 eram para cursos na capital e 174 para cursos ofertados no interior do Estado. Segundo ele, as vagas sem demanda são automaticamente extintas. "É lamentável, pois há um investimento do poder público, e se esperava que um maior número de candidatos aderisse à proposta e à oportunidade que a Universidade dá a eles", ressalta.

O Ceps informa que tão logo as entrevistas sejam concluídas, as provas começarão a ser corrigidas. A expectativa é de que o resultado com os nomes dos aprovados seja divulgado até o final desta semana.

http://www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php?cod=5467

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