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Prisões escancaram o mercado do diamante

Estadão do Norte
Autor: Paul Ricardo
18 de Jun de 2007

A prisão de uma policial rodoviária federal no início da semana com mais de 100 pedras de diamantes e, em seguida, com mais 30 que estavam em seu estômago, deixou escancarado que o garimpo na Reserva Roosevelt, dos índios Cinta Larga, continua a todo vapor e abriu um parênteses para várias especulações, como ação de uma rede de contrabando e negociadores que está atuando em Rondônia para levar as pedras preciosas para outros estados e, conseqüentemente, destiná-las possivelmente para Bélgica, Canadá e Israel.

Coincidentemente, a policial presa atua na Polícia Rodoviária Federal de Minas Gerais, centro das atenções da Polícia Federal há pouco mais de um ano quando desencadeou a "Operação Carbono", que detalhou um esquema de contrabando de diamantes oriundos de Rondônia.

Somente neste mês de junho, a base da Polícia Federal, em Pimenta Bueno, efetuou a prisão de mais oito pessoas que estavam retirando diamantes da Reserva Roosevelt, além de apreensões de combustível, máquinas e outros equipamentos utilizados por garimpeiros na extração ilegal.

Potencial financeiro altíssimo

Segundo informações de fontes que atuam no combate ao garimpo na reserva, mesmo com todas as apreensões, os garimpeiros retornam para o local com outros materiais fazendo valer o potencial financeiro considerado altíssimo de possíveis grupos que financiam os exploradores.

Há indícios de que alguns índios sejam coniventes com a garimpagem ilegal de diamantes na própria reserva. Isso, devido à permanência de garimpeiros nas terras indígenas, inclusive com maquinário. Apesar da Polícia Federal manter ativa cinco postos de fiscalização, muitos garimpeiros usam rotas clandestinas para entrar na reserva em busca de diamantes.

Contrabando tem vários tentáculos

A prisão da policial, efetuada pela própria Polícia Rodoviária Federal, ocorreu na última quarta-feira, em Pimenta Bueno. A policial foi presa pelo transporte ilegal de 102 diamantes confiante na força da farda para driblar a fiscalização. Informações ainda não oficiais dão conta de que a apreensão dos diamantes e mais de R$ 80 mil em dinheiro, R$ 90 mil em cheques podem ser considerados apenas uma ponta do enorme iceberg de contrabando que está atuando em Rondônia.

A conexão faz lembrar o filme "Diamante de Sangue" que retrata o contrabando de diamantes que dominou Serra Leoa na década de 90.

Segundo a polícia, a policial presa entregaria as pedras a um homem em Ji-Paraná e levados a Minas Gerais, onde seriam legalizados.

Há pouco mais de um ano, a Polícia Federal desencadeou a "Operação Carbono" com objetivo de desarticular um mega-esquema de contrabando de diamantes que estava atuando, principalmente em Rondônia.

Durante a operação, ficou confirmada a existência de um esquema fraudulento de remessa de diamantes, principalmente para empresas de lapidação na Bélgica. As pedras seriam provavelmente extraídas de garimpos ilegais (localizados em áreas de proteção indígena/ambiental) em MG, RO e MT, bem como de áreas de conflito armado na África. A Reserva Roosevelt, dos índios Cinta Larga, foi palco da chacina de 29 garimpeiros em abril de 2004 e novos conflitos não estão descartados, principalmente após os fatos que escancaram o garimpo de diamantes.

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