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Primeiro censo indígena do País é realizado no Amazonas

Jornal do MEC numero 20-Brasília-DF
Autor: Pedro Menezes
01 de Ago de 2002

Projeto apoiado por várias entidades analisa as condições sociodemográficas dos Sateré-Mawé

Desde junho, índios do Amazonas estão realizando o primeiro censo indígena do país. O projeto, intitulado As Condições Sociodemográficas da Comunidade Sateré-Mawé das Áreas Indígenas Andirá-Marau e Koatá-Laranjal, é resultado da parceria entre o Instituto de Estudos sobre a Amazônia (lesam), da Fundação Joaquim Nabuco/MEC, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a Fundação Estadual de Política Indigenista (Fepi) e a Gerência de Educação Escolar Indígena, da Secretaria de Educação do Estado do Amazonas.

Para o superintendente do lesam, o demógrafo Pery Teixeira, será de fundamental importância a participação, no levantamento das informações, dos professores e dos alunos das escolas indígenas locais. Isso porque, além de terem conhecimento da língua ali falada, conhecem a melhor forma de abordar o seu povo a respeito de assuntos sobre os quais os índios não se abririam com facilidade diante de um homem branco.

Os professores atuarão como supervisores de campo, orientadores de equipe e coordenadores. os alunos, como agentes de coleta, ajudando no contato direto e no diálogo com os pesquisados. "Espera-se que, tanto professores quanto alunos, aproveitem ao máximo a oportunidade de participar de uma atividade dessa natureza", diz Teixeira.

0 objetivo geral da pesquisa, como o nome do projeto define, é verificar as condições sociodemográficas da população Sateré-Mawé residente nas áreas indígenas denominadas Andirá-Marau (que compreende os municípios de Barreirinha, Maués e Parintins) e Koatá-Laranjal (que abrange o município de Borba), no Amazonas.

"Até mesmo pela dificuldade de acesso a certas localidades, ficará mais fácil o levantamento de dados realizado pelos índios, com a colaboração dos técnicos da Fundação Joaquim Nabuco e da Secretaria de Educação", explica o superintendente do lesam, Teixeira acredita que "a busca e o estudo de tais informações, das quais somos carentes por falta de uma estatística precisa, permitirão melhor conhecimento da realidade desses povos da Região Norte",

MÉTODO - Prevê-se o recenseamento de, aproximadamente, sete mil pessoas, a considerarem-se estimativas populacionais disponíveis para o conjunto da população Sateré-Mawé. A pesquisa será feita mediante aplicação de questionários nos domicílios, incluindo todos os moradores, e entrevistas com as lideranças locais à procura de informações complementares capazes de contribuir para o enriquecimento do trabalho.

O estudo deverá subsidiar a elaboração dos planos e projetos subjacentes à política indigenista do estado do Amazonas - especialmente aqueles voltados para atender os Sateré-Mawé - num contexto de sustentabilidade econômica das ações e iniciativas a serem executadas.

CUSTOS -Na análise do demógrafo Pery Teixeira, os gastos com o censo chegam, aproximadamente, a R$ 200 mil, dos quais R$ 70 mil serão cobertos com recursos próprios das instituições organizadoras do projeto.

Os R$ 130 mil restantes ficarão a cargo de outros órgãos e agências, entre os quais o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

Segundo a coordenadora do pro jeto, Marília Brasil, do lesam, "espera-se que o Unicef contribua com R$ 80 mil para a remuneração de consultores, programadores, supervisares e agentes de coleta, além de colaborar com parte das despesas com transporte, alojamento e alimentação". Marília Brasil estima que a duração da pesquisa seja de oito meses. Os resultados estarão à disposição do público, portanto, somente a partir de 2003

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