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Primeira turbina sai em dezembro

O Paraense-Belém-PA
Autor: Ronaldo Brasiliense
29 de Abr de 2002

Energia Hidrelétrica opera na capacidade máxima e se prepara para colocar em funcionamento as turbinas que vão duplicar a produção de eletricidade

Eletronorte garante: obra caminha sem atrasos e o primeiro passo da duplicação começa a funcionar ainda este ano, fornecendo energia para Norte e Nordeste

Tucuruí - A primeira turbina da segunda etapa da hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, será inaugurada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso na primeira quinzena de dezembro, às vésperas de transmitir as faixas a seu sucessor no Palácio do Planalto. A garantia de que não haverá atrasos na execução das obras de duplicação de Tucuruí - a maior hidrelétrica genuinamente nacional - foi dada na quarta-feira, 24, pelo presidente da Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil), engenheiro José Antonio Muniz Lopes, durante a abertura do II Encontro de Comunicação e Marketing do Setor Elétrico, em Tucuruí.
O cronograma das obras de duplicação prevê para o dia 3 de maio, nesta próxima semana, portanto, a colocação da parte externa do gerador e para 21 de junho a fixação do rotor de 84 pólos, uma peça de mil toneladas, o que possibilitará a ativação da primeira turbina da segunda etapa de Tucuruí até dezembro deste ano, dentro das previsões iniciais dos técnicos da Eletronorte. Quase cinco mil trabalhadores estão atuando nas obras de duplicação, sendo 4.200 pela empreiteira Camargo Corrêa, que executa as obras civis, e 605 pelo Consórcio Empresarial Tucuruí (Cetuc), responsável pela montagem eletromecânica. No pico das obras civis, cerca de sete mil homens estiveram em ação na duplicação da usina.
A Eletronorte está investindo US$ 1,1 bilhão ( quase R$ 2,5 bilhões) na duplicação da hidrelétrica de Tucuruí, que vai ganhar 11 novas turbinas com capacidade nominal de 382 megawatts (MW), com uma potência total instalada de 4.125 MW. "Estamos utilizando um Maracanã de concreto por mês na duplicação de Tucuruí", comparou Muniz Lopes, lembrando que em alguns meses se chegou a lançar nas obras cerca de 60 mil metros cúbicos de concreto. Muniz Lopes, otimista, prevê a instalação em Tucuruí de uma turbina a cada três meses a partir de dezembro, quando a hidrelétrica passará a operar a plena carga, diminuindo ainda mais os riscos de "apagão" que aterrorizaram o país em 2001. Tucuruí hoje é a maior obra em concreto do Brasil, com 8 milhões de metros cúbicos de concreto utilizado.
As obras de duplicação da hidrelétrica, ao contrário do que ocorreu com as eclusas do Tocantins (leia box), em nenhum momento foram paralisadas. Muito pelo contrário. "O tempo médio para a montagem de uma turbina de hidrelétrica pela iniciativa privada varia de 22 a 26 meses", afirma o engenheiro Adailton de Souza Pinto, gerente de Obras de Expansão em Tucurui. "No caso dessa primeira turbina da duplicação de Tucuruí, a nossa previsão é que seja montada em 19 meses", acrescenta Souza Pinto, um mineiro que se integrou à vida de Tucuruí há duas décadas e se orgulha de ser paraense de coração.
Gigantismo Por mês, a obra consome o equivalente
a um Maracanã em concreto. Quase cinco mil operários trabalham para completar a duplicação
Localizada na bacia do Araguaia-Tocantins, que tem 757 mil quilômetros quadrados, o que representa 8% do território nacional, a hidrelétrica de Tucuruí tem sido de fundamental importância no suprimento de energia das regiões Norte e Nordeste. Além de abastecer o mercado de Belém, a maior cidade da Amazônia, atende também grandes consumidores privados como as fábricas de alumínio da Albrás, em Barcarena (PA), e Alumar, em São Luís, no Maranhão.
O reservatório de Tucuruí é um dos maiores do Brasil, com 2.875 quilômetros quadrados, uma superfície quase sete vezes maior do que a baía da Gua-nabara. Quando estiver funcionando a plena carga, com 8.370 megawatts, Tucuruí dará mais confiabilidade ao sistema elétrico nacional, garantindo o suprimento da região Nordeste, fornecendo energia à Chesf (Centrais Elétricas do São Francisco) e ao sistema Centro-Oeste/Sudeste, os mais atingidos pelo racionamento de energia que castigou o país ano passado.

Eclusas ainda paralisadas

Um dos maiores erros cometidos na execução do projeto da hidrelétrica de Tucuruí continua sem correção. As obras das eclusas, que permitiriam a retomada de navegação plena pelo rio Tocantins, estão paralisadas há três meses por falta de verbas e por imposição de decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).
Na abertura do II Encontro de Comunicação e Marketing do Setor Elétrico, o prefeito de Tucuruí, Parcifal Pontes, fez um apelo, em tom emocionado, ao presidente da Eletronorte, José Antonio Muniz Lopes, para que a própria estatal, responsável pela construção da hidrelétrica, assuma o desafio de retomar as obras e concluir as eclusas, 17 anos após a inauguração da hidrelétrica, ainda no governo do general-presidente João Baptista Figueiredo.
"Meu sonho é ver as águas subindo não para possibilitar a passagem de uma barcaça carregada de soja, mas sim de um caboclo do Tocantins em sua pequena canoa", defendeu Parcifal Pontes, que fez referência ao fato de que as obras das eclusas estão subordinadas ao Ministério dos Transportes, que não tem assegurado as verbas necessárias para a execução das obras. Muniz Lopes anunciou que é favorável à conclusão das eclusas, mas pediu ao prefeito que encaminhe seu pleito à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Por causa do atraso nas obras das eclusas, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) e outras entidades de classe paraenses, ameaçam recorrer à Justiça para brecar a execução da segunda etapa da hidrelétrica de Tucuruí caso as eclusas não sejam executadas simultaneamente. "Colocaram uma rolha no Tocantins e isso precisa ser revisto", afirma o governador Almir Gabriel, que também vem pressionando o Ministério dos Transportes para que garanta a liberação dos recursos necessários para que as eclusas do Tocantins sejam, enfim, concluídas.

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