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Preso matador de Apoena

CB, Brasil, p. 19
14 de Out de 2004

Preso matador de Apoena
Adolescente de classe média, de 17 anos, é capturado pela polícia depois de denúncia anônima e confessa que atirou em sertanista

Dois dias depois de ter atirado em um homem em frente à agência central do Banco do Brasil durante um assalto, um adolescente de classe média, de 17 anos, soube que havia matado o sertanista Apoena Meireles, de 55 anos, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio. Ele está detido no Centro da Infância e da Juventude de Porto Velho e, por ordem da juíza Márcia Cristina, será transferido para a casa de custódia de menores infratores.
O jovem foi identificado na noite de terça-feira por causa do celular roubado da funcionária da Funai Clenice Alves Mansur, testemunha do assassinato. Ele confessou o crime e disse que planejou um assalto porque precisava de dinheiro. A Polícia Civil de Rondônia, em ação conjunta com agentes federais, rastreou o aparelho e chegou até João Paulo Galdino Batista, de 20 anos, e Cleiton do Espírito Santo Torres Rocha, de 23, acusados de receptação de mercadoria roubada. Os dois foram liberados porque escaparam do flagrante, mas delataram o menor, que foi encontrado em frente a sua residência no conjunto 4 de Janeiro, zona norte de Porto Velho.
Ele não reagiu, e admitiu o crime, em detalhes. Pedi dinheiro aos meus pais e eles não deram. Então resolvi cometer um assalto. Bebi cachaça e coca-cola com um amigo, o Chiquinho, a quem pedi um revólver emprestado para tirar onda. Ele não sabia o que eu ia fazer, disse.
De bicicleta
O suspeito acrescentou que, por volta das 20h de sábado, pegou sua bicicleta mountain bike azul e foi até o centro da cidade, procurando uma vítima. Na agência bancária, ficou observando os clientes que iam ao caixa eletrônico. Vi algumas pessoas entrando, mas não tive coragem para assaltar, até que chegou um casal em um carro escuro, confessou o rapaz. O homem era de idade. Coloquei a bicicleta na rampa e também entrei no banco. Mantive distância e não vi quanto eles sacaram. Levantei a camisa, mostrando o revólver, e anunciei o assalto, mas o homem reagiu.
Quando Apoena alcançou o adolescente, levou o primeiro tiro, próximo à saída do banco. Como o sertanista continuou avançando, o adolescente atirou pela segunda vez. A vítima caiu. O rapaz explicou que, durante a luta com Apoena, roubou o aparelho celular. Em seguida, pegou a carteira de Clenice Mansur e fugiu. Depois, entregou o aparelho a Cleiton Rocha, que o vendeu a Batista por R$ 70. Só então, devolveu a arma a Chiquinho.
O adolescente ficou bebendo com dois rapazes e não contou o que havia acontecido. Somente dois dias depois, por meio da imprensa, ficou sabendo quem era a vítima.
O secretário de Segurança de Rondônia, Paulo Moraes, apresentou o celular e as roupas usadas pelo menor no assalto. Não há dúvidas de que o autor é realmente esse rapaz. Ele pensou que a vítima não reagiria por causa da idade. Não sei se o acusado usa drogas, mas existe a possibilidade de que tenha cometido outros delitos.
O menor, filho de um funcionário público federal e de uma enfermeira, nasceu em Belém (PA) e cursa o 3o ano do segundo grau em uma escola particular de Porto Velho. Ele completa 18 anos em menos de três meses.

CB, 14/10/2004, Brasil, p. 19

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