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Presidente do ICMBio recebe Pajé e Cacique Yanomamis

ICMBio - http://www.icmbio.gov.br/
Autor: Sandra Tavares
30 de Abr de 2015

O chefe do Parque Nacional do Pico da Neblina esteve presente

O Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Roberto Vizentin, recebeu na manhã desta quinta-feira (30) um pajé e um cacique yanomamis, acompanhados do chefe do Parque Nacional do Pico da Neblina (AM), Flávio Bocarde. Na reunião ainda estavam presentes o diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do ICMBio, Sergio Brant, e o analista ambiental da Coordenação de Gestão e Conflitos Territoriais, João Madeira.

A ocasião foi marcada por um ritual em que o pajé, como representante de seu povo, solicitava a Vizentin, como representante das áreas protegidas federais, o apoio contra o que chamou de pressões. "Você comanda aqui. Eu comando lá. ICMBio precisa focar na nossa comunidade, que tá sofrendo com mineração", frisou o pajé.

O presidente Vizentin destacou que a manutenção dos recursos naturais e dos seres que dependem da natureza vai depender do que será feito, nos próximos anos, com as Unidades de Conservação (UCs) e as Terras Indígenas. "Só temos uma alternativa para proteger recursos naturais e culturas indígenas que vivem da natureza: é estarmos juntos. Pois se não estivermos juntos perdemos força frente a outras ameaças. Nesse sentido precisamos sim firmar pactos políticos que unem esforços", ressaltou Vizentin.

Os yanomamis integram o conselho consultivo do Parque Nacional do Pico da Neblina e já é demanda a elaboração do Plano de Manejo da Unidade de Conservação, para que sejam definidos os melhores usos para o parque, de forma integrada com as comunidades indígenas.

À frente da UC há cinco anos, o chefe do Parque Nacional do Pico da Neblina, Flávio Bocarde, e o cacique explicaram o importante trabalho de aproximação com as 13 etnias indígenas que vivem dentro da área do Parque sobreposta a Terras Indígenas durante todo o ano de 2014. O resultado foi a construção de um Plano Nacional de Gestão Ambiental da Terra Indígena (PNGATI) Yanomami, envolvendo a capacitação, formação, intercâmbio e educação do povo yanomami.

Participaram da elaboração do PNGATI Vilmar da Silva Matos, Armindo Goes, Flávio Bocarde, Anderson Vasconcelos e Nicolas Santos. Em detalhes, o grupo mostrou a Vizentin como se deu tal construção. Numa primeira etapa (27/04 a 07/05/14) foi feita longa viagem junto às comunidades de Maturacá, Ariabú, Auxiliadora, União e Nazaré. Na sequência (25 a 29/07/14) aconteceu assembléia na Associação Yanomami do Rio Cuaburis e Afluentes com formação tendo como tema mobilizador o ecoturismo.

Já na etapa da capacitação (25 a 27/08/14) foi feita a escolha dos cursistas, com formação de uma Comissão de Turismo Yanomami, além de cursos sobre diversos tipos de turismo. Como resultado, foi construída uma visão coletiva de futuro do povo yanomami, bem como de um Centro de Formação do Povo Yanomami.

Outra capacitação, realizada de 27 a 30/10/14, gerou uma matriz detalhando as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças, na visão do povo yanomami sobre a estratégia do ecoturismo. "Estamos com essa ideia de um plano conjunto de administração, em que tanto o Plano de Manejo do Parque quanto o PNGATI Yanomami dialoguem e tragam benefícios tanto para a cultura dessas etnias quanto para a conservação da área", frisou Bocarde.

São vários os sonhos da comunidade yanomami, como o de melhoria na geração de emprego e renda, na qualidade de vida geral do povo indígena, bem como na criação de novas ferramentas de educação e promoção da cultura deles.

"O Parque conta com sete setores etnoterritoriais e conseguimos trazer as lideranças para o debate, tentando entender a visão de ecoturismo dos yanomamis. E já há recursos do Fundo Amazônia para começarmos a execução dessa proposta", afirmou o chefe da UC.

Ao contrário do passado, o ICMBIo vive um momento muito interessante de diálogo e entendimento, considerando a complexidade de gerir um Parque com mais de dois milhões de hectares, contendo em seu interior mais de cinco mil índios de 13 etnias vivendo dentro de quatro Terras Indígenas sobrepostas à Unidade de Conservação.

Na próxima etapa será feito um mapeamento conjunto, buscando entender metodologias e impactos relacionados ao turismo. A ideia é construir um Plano de Manejo que reflita as necessidades da cultura yanomami. Vizentin, por sua vez, reforçou a necessidade de não depositar no ecoturismo expectativas de que ele, por si só como atividade, resolva outros problemas da comunidade, o que não acontece. "Temos a plena consciência de que o ICMBio é de fato o protetor do Parque Nacional do Pico da Neblina e lutaremos pela manutenção de sua biodiversidade. Nesse sentido, teremos que ir construindo aos poucos, juntos, um plano conjunto que atenda às necessidades de ambos", destacou o presidente.

O grupo seguiu no período da tarde para uma reunião na Fundação Nacional do Índio (Funai), quando tanto o cacique quanto o pajé fizeram a mesma explanação acerca das necessidades e preocupações do povo Yanomami.

Saiba mais sobre o Parque Nacional do Pico da Neblina: http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/…

http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias/4-destaques/6786-p…

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