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Presidente do Ibama culpa seca e logística por dificultar combate aos incêndios no Pantanal

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Autor: André Phelipe
30 de Set de 2020

Em audiência pública na Comissão Temporária Externa do Pantanal no Senado, o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, apresentou medidas que já foram implementadas no bioma para combater um dos maiores incêndios florestais já vistos na região. Ele também destacou que a seca e a dificuldade logística tem sido um dos maiores problemas no combate.

Entre 1o de janeiro e 27 de setembro deste ano, 23% da vegetação já foi devastada pelas queimadas, o que equivale a 3.461.000 hectares, segundo os dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Somente no Mato Grosso foram consumidos pelas chamas 2.053.000 hectares e no Mato Grosso do Sul outros 1.048.000 hectares.

Logo no início da fala, Bim comentou que o órgão e o Ministério do Meio Ambiente estão trabalhando em duas frentes no combate aos incêndios no Pantanal. Uma com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que está focado nas unidades de conservação do bioma, e a outra com o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) que está atuando em áreas indígenas.

"Nossa força de trabalho compõe 1.435 brigadistas contratados. Temos 16 brigadas que também estão dando apoio ao Pantanal. Há um reforço especial no Mato Grosso, pois as chuvas que estavam para vir não vieram, e isso tornou a situação mais emergencial. Mandamos outros 103 brigadistas da Bahia, Piauí, Pernambuco, Goiás, Maranhão, Rio de Janeiro, Ceará, Minas e Rondônia para o local", destacou o presidente do Ibama que afirmou ter 25 viaturas, três helicópteros e quatro aviões atuando especificamente no estado.

Bim também frisou que a situação do Pantanal é "extremamente atípica" e que, por conta da pandemia de coronavírus, houve dificuldades para treinar os brigadistas a tempo. "Esse treinamento é importante, pois trabalhar com fogo não é uma atividade trivial, não é aquele fogo de quintal, é bem complicado. O Prevfogo não aparece somente quando há chamas na vegetação, ele faz um trabalho preventivo e educacional o ano inteiro para justamente evitar que incêndios criminosos e acidentais aconteçam", pontuou.

Este ano, as contratações de brigadistas do Prevfogo atrasaram cerca de 3 meses. Normalmente, os contratos temporários começam a partir de abril, exatamente para execução de treinamento e trabalhos preventivos. Este ano, as contratações começaram apenas no final de junho. Durante a audiência, Bim não comentou sobre o atraso.

Peritos do órgão também foram enviados ao Pantanal com a finalidade de investigar a origem dos incêndios, de acordo com o chefe do Ibama, que avaliou esse trabalho como fundamental. Ele ainda declarou que foram realizados diversos remanejamentos de servidores do Instituto para o local com o objetivo de fortalecer ainda mais o quadro de funcionários. "Eu não posso tirar os brigadistas do país inteiro e mandar para o Pantanal, pois cada estado tem suas demandas locais", explicou.

No final da participação, ele agradeceu o suporte que vem sendo prestado pela sociedade civil, prefeitos e parlamentares dos dois estados e avaliou que sem essa ajuda os profissionais que atuam no combate não teriam conseguido trabalhar no local, o que agravaria ainda mais a situação. Mesmo com o apoio, Bim ressaltou que a logística para se chegar nos focos de incêndio continuam sendo um grande problema.

Requerimentos

Além da fala do presidente do Ibama, a Comissão presidida pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT) aprovou todos os sete requerimentos que estavam previstos na pauta desta quarta (30). Um deles prevê que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, seja convocado para audiência pública na Comissão a fim de prestar informações sobre as medidas adotadas pelo Governo Federal para contenção e prevenção das queimadas no Pantanal. A solicitação foi feita pela parlamentar da Casa, Soraya Thronicke (PSL-MS).

Outro requerimento prevê a realização de uma audiência pública com entidades do Meio Ambiente a fim de discutir melhores alternativas para o bioma, assim como os desdobramentos das ações necessárias e análises de providências a serem tomadas para evitar novas queimadas, além de monitorar as ações de proteção da fauna e da flora, das populações diretamente atingidas e do impacto na economia da região.

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