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Presidente de sindicato rural está entre presos pela PF, diz advogado

G1 - http://g1.globo.com
Autor: Fernando da Mata
04 de Jul de 2012

Oito suspeitos de envolvimento na morte de cacique foram presos em MS.
Homens são investigados como mandantes do crime contra Nísio Gomes.

O presidente do Sindicato Rural de Aral Moreira, Osvin Mittanck, está entre os oito presos pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (4) suspeitos de envolvimento na morte do cacique Nísio Gomes no município, a 402 km de Campo Grande, segundo confirmou ao G1 o advogado do produtor rural, Fabrício Franco Marques. O nome de nenhum preso foi divulgado pela PF.

Depois do cumprimento dos mandados de prisão, os suspeitos foram levados para prestar depoimento em Ponta Porã. A Polícia Federal preservou as identidades, porém o advogado garantiu que Mittanck está entre os presos.

Marques reclamou que o presidente do Sindicato Rural, que também é secretário municipal, foi pego de surpresa com a prisão, porque tinha horário marcado para prestar depoimento na PF na tarde desta quarta-feira. Para o advogado, a prisão de Mittanck foi ilegal, já que, segundo ele, o produtor não teria participação no crime.

"O fato dele ter realizado reuniões com os produtores não justifica, pois ele é presidente do sindicato, essa é a atribuição dele. Toda vez que ele se reuniu com produtores foi para resolver problemas de forma pacífica", disse.

Outro argumento da defesa de Mittanck é que a terra onde ocorre o conflito não é área de interesse do produtor rural. "A área onde tem conflito está perto de Amambai e a fazenda dele fica na fronteira com o Paraguai, no outro extremo. Não tem interesse algum para ele ter cometido o crime", alega.

Fabrício Marques afirmou que entrou na Justiça com pedido de liberdade do presidente do sindicato de Aral Moreira. Por enquanto, ele permanece preso na delegacia da PF em Ponta Porã.

Em nota, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) defende Mittanck, alegando que "o fato de um dirigente sindical ter se manifestado prontamente sobre uma ocorrência, defendendo integrantes da categoria que ele representa, não pode ser tratado como comprovação de autoria ou de responsabilidade por um crime ou delito".

Prisões

Além de Mittanck, foram presos seis produtores rurais e um advogado. Segundo o delegado Jorge André Figueiredo, os investigados são apontados como os mandantes do assassinato do cacique. No começo, a polícia investigava o caso como desaparecimento, mas nesta quarta-feira informou que novas provas apontaram que o índio "foi morto por pessoas vinculadas a uma empresa de segurança privada da cidade de Dourados".

A vítima foi vista pela última vez no dia 18 de novembro de 2011, após ataque ao acampamento indígena Guaiviry, da etnia guarany-kaiwá, em Aral Moreira, extremo sul do estado.

De acordo com a PF, todos respondem por homicídio qualificado por motivo torpe e uso de meio que dificulta a defesa da vítima. Eles também serão indiciados por ocultação de cadáver, formação de quadrilha, fraude processual e corrupção ativa de testemunhas.

Crime

Segundo informações do Ministério Público Federal (MPF), havia cerca de 30 indígenas no acampamento, localizado próximo a fronteira com o Paraguai, no momento da invasão. Os indígenas afirmam que aproximadamente 20 homens chegaram ao local em caminhonetes. Eles teriam atirado com armas de balas de borracha. Três pessoas foram atingidas. O cacique Nísio Gomes, de 59 anos, desapareceu e os índios afirmam que ele foi levado pelos invasores.

As investigações da Polícia Federal apontaram que fazendeiros da região teriam contratado seguranças de uma empresa privada de segurança para retirar os índios do local. Quatro fazendeiros, um advogado, dois administradores da empresa de segurança e outras três pessoas foram indiciados por lesão corporal, formação de quadrilha e porte ilegal de arma de fogo.

Três integrantes do grupo de agressores chegaram a ser presos, mas foram soltos no decorrer do inquérito.

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2012/07/presidente-de-si…

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