Presidente da Sodiurr diz que decisão é prejudicial

Silvestre Leocádio: "Tem índio passando fome em reservas demarcadas"

Outra entidade representativa dos povos indígenas que ocupam a área Raposa/Serra do Sol - a Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiurr) - é contra a demarcação em área contínua. Para o presidente da entidade, o indígena Silvestre Leocádio, a manutenção da Portaria 820/98 é prejudicial tanto para os povos indígenas quanto para os não índios.
Ele entende que a demarcação em área contínua pode representar o fim da agricultura no Estado. Afirma ser favorável à demarcação em ilhas, o que, na sua visão, beneficiaria tanto índios quanto não índios. "Com a demarcação em ilhas existiria terras para índios, colonos, arrozeiros e fazendeiros, de forma que todos pudessem produzir", observou.
Silvestre Leocádio observa que o Estado de Roraima tem terras suficientes para abrigar todos os que querem trabalhar. Afirma que não adianta fazer a demarcação em área contínua sem que sejam dadas aos índios as condições necessárias para produzirem alimentos e se autosustentarem. "A demarcação em área contínua não resolve o problema dos índios. Em Roraima, várias áreas já foram demarcadas, e nelas tem índios passando fome", observa.

Na sua opinião, a demarcação em área contínua vai gerar desentendimentos entre os povos indígenas, colonos e fazendeiros. Disse que no Município de Alto Alegre, onde mora, a demarcação foi feita em ilhas e todos vivem em harmonia sem nenhum problema. Silvestre Leocádio acusou o CIR de defender a demarcação em área contínua para beneficiar entidades que, segundo ele, comandam as ações da entidade, defendendo apenas seus próprios interesses.
"Eu sou contra a demarcação em área contínua. O que os representantes de organizações internacionais querem é defender seus interesses e não os do índio. O que os índios ligados ao CIR estão fazendo é o que as ONGs internacionais e os padres querem, não o que os próprios índios desejam", criticou.