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Presidente da Funai visita reserva Duque de Caxias

Agência de Notícias-Florianópolis-SC
Autor: Orlando Pereira
08 de Fev de 2000

Carlos Frederico Mares disse ontem que ainda não recebeu contestações sobre ampliação da área dos índios

A Fundação Nacional do Índio (Funai) não vai fazer qualquer pronunciamento a respeito da ampliação da reserva Duque de Caxias, de 14 mil para 37 mil hectares, enquanto não receber o documento que contesta a demarcação da área. A colocação foi feita pelo presidente do órgão, Carlos Frederico Mares, que durante os últimos dois dias visitou as cinco aldeias que fazem parte da reserva, nos municípios de José Boiteux, Vítor Meireles, Itaiópolis e Doutor Pedrinho. O prazo para a entrega das contestações encerra na quinta-feira, mas os advogados que representam as empresas e as prefeituras envolvidas deverão apresentá-lo hoje. Depois a Funai tem 60 dias para decidir se acata ou não o documento.
Mares não tem conhecimento oficial a respeito de contestações sobre a demarcação, publicada em novembro no Diário Oficial da União, depois do levantamento feito pelos técnicos da Funai. Ele informou aos xoclengue que apesar de todo o apoio que o governo do Estado vem dando, através da Fundação do Meio Ambiente (Fatma), também deverá seguir o mesmo caminho adotado por empresas e prefeituras. Com a ampliação, a Reserva Biológica Estadual do Sassafrás, vai pertencer a reserva. "O momento não é o indicado para fazer qualquer avaliação porque desconhecemos o teor das eventuais contestações", assinalou o presidente. Ele disse que confia na exatidão dos trabalhos dos técnicos, mas admite a correção em caso de eventuais erros.

Negativa

Desde a criação da reserva há 85 anos, esta foi a primeira vez que um presidente da Funai visita a área. Acompanhado de representantes do próprio órgão e da Secretaria da Justiça e Cidadania, ele esteve nas cinco aldeias. Ontem à tarde foi na do Bugio, que fica próximo ao reflorestamento da empresa Battistella, na localidade de Bonsucesso, em Itaiópolis.
Mares ouviu do cacique-geral Lauro Juvei a negativa de que os índios estão furtando pinus para vender a madeireiros da região. "Estão querendo nos culpar por algo que são outras pessoas que estão fazendo", garantiu Juvei. Ele não descartou a possibilidade das próprias empresas estarem por trás de tudo. O cacique-geral também negou que os indígenas estão pretendendo invadir as casas dos colonos, abandonadas desde julho de 98.

Núcleo

Na reunião que manteve com as lideranças após visitar toda a reserva, o presidente voltou a pedir aos índios que tenham paciência em relação a demarcação, em razão dos prazos que precisam ser cumpridos. "É como no futebol, onde o árbitro não pode marcar pênalti antes que exista", comparou. Por esta razão pediu 60 dias para que o início da construção de novas casas, já demarcadas pelos próprios xoclengue na área em litígio. Mares anunciou a instalação de um núcleo de administração da Funai, em Florianópolis, com a finalidade de atender as comunidades da reserva Duque de Caxias e os índios guarani, que moram no litoral catarinense, em Palhoça.

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