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Presidente da Funai faz críticas ao trabalho desenvolvido pela Funasa

O Liberal-Belém-PA
14 de Fev de 2006

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, acredita que a pulverização de programas entre diferentes órgãos federais tenha criado "uma dificuldade imensa" no atendimento das necessidades das comunidades indígenas. Para ele, órgãos como a Funasa não têm know-how anterior no relacionamento com índios e às vezes demoram para desenvolver a cultura interna adequada.

Mércio lembra que, há cerca de 15 anos, todo o atendimento era responsabilidade da Funai. Hoje, a educação ficou a cargo do Ministério da Educação, a saúde cabe ao Ministério da Saúde, e assim por diante. "Muitos desses órgãos não têm o know-how, não têm a cancha, não têm o jeito, não têm o indigenismo", diz ele. "Daí vêm os problemas."

Guajajaras - Os índios guajajaras que estão negociando com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) libertaram na noite de domingo as duas funcionárias da Funasa que haviam sido feitas reféns na sexta-feira, em Alto Alegre do Pindaré, distante 300 km de São Luís.

Agora, os índios estão reivindicando a presença do presidente da Funasa, Paulo Lustosa, para sacramentar o acordo. Eles querem a revisão do modelo de assistência de saúde ás comunidades que ficam dentro das 17 reservas localizadas no Maranhão, um inventário das terras indígenas, a sua redemarcação e que a fiscalização das áreas também seja feito por grupos de índios. Para isso, exigem a participação de representantes do Ministério Público federal e da Polícia Federal.

No entanto, apesar de tudo indicar que a crise desencadeada com a interdição da Estrada de Ferro Carajás (EFC), da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na última quarta-feira, está chegando ao final, o grupo original de 200 indígenas foi reforçado por quase 300 índios das outras sete etnias que vivem em outras regiões do Maranhão.

Um dos membros do Conselho Indianista Missionário (Cimi) no Maranhão, Humberto Rezende Capuci, afirmou que os índios estão ameaçando ampliar o protesto caso não se chegue logo a um acordo. Segundo ele, sem o êxito nas negociações, outras etnias - krikati, awá, guajá e gavião - deverão se juntar às interdições.

Capuci também afirmou que a principal estratégia dos índios é interditar a ferrovia em Alto Alegre do Pindaré. "As lideranças indígenas garantem que a próxima ocupação será por tempo indeterminado", disse.

Segundo fontes independentes, a CVRD já está trabalhando com a possibilidade de voltar a ter a EFC interditada novamente pelos indígenas. Na última interdição, que durou cerca de 48 horas, a mineradora deixou de transportar cerca de meio milhão de toneladas de minério de ferro e 2400 passageiros.

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