Presidente ativa Sivam e rebate críticas

Na solenidade, FHC e ministros defendem lisura do processo de instalação do sistema de vigilância

O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou a solenidade de ativação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), ontem, em Manaus, para responder às críticas sobre o projeto, que classificou de precipitadas. "Muitos de vocês tiveram de agüentar muitas críticas e o governador do Amazona, Amazonino Mendes (PFL), me lembrou, há pouco que com o tempo a pele vira couro. Estamos curtidos, mas tudo isso dói, mesmo sendo couro", reclamou. "Tudo que é pequeno desaparece e o que é grande se amplia e o Sivam é uma grande obra, que vai se perpetuar."

A defesa do Sivam não ficou apenas a cargo de Fernando Henrique. O ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, ressaltou que "o progresso é feito pelos homens que agem e não pelos que discutem de que maneira as coisas não deveriam ter sido feitas". Parente vai coordenar o Sistema de Proteção da Amazônia, que é mais amplo do que o Sivam e permitirá a integração do trabalho de vários ministérios em benefício da região.

"Esta inauguração é motivo de orgulho para todos nós porque, contrariando a descrença de muitos, os obstáculos e mesquinharias das mais diversas origens e inspirações e as condições adversas do cenário amazônico, o projeto Sivam foi levado a termo", acrescentou. "Aqueles que o projetaram ou que o implementaram terão o reconhecimento de todos os brasileiros verdadeiramente patriotas."

O ministro da Defesa, Geraldo Quintão, insistiu na "lisura" do processo de instalação do Sivam e dos homens que trabalharam nele. "De nada adiantaram, no passado, nem terão qualquer valor, no presente e no futuro, as ações de postergação, divergentes e discordantes, as calúnias falsas, e as acusações inverídicas e as críticas injustas e infundadas desse estratégico e grandioso projeto", afirmou. Ele aproveitou para pedir ao presidente para garanta recursos para o sistema. "Tenho certeza de que os recursos orçamentários e financeiros não faltarão e é imperioso que isso aconteça, para que não se frustrem as justificadas expectativas do País em relação ao sucesso do projeto."

Quintão também dedicou parte de seu discurso a elogiar o sistema de radares da Amazônia. De acordo com ele, é uma "rede de detecção intransponível que está sendo montada, que impossibilitará o sobrevôo de qualquer aeronave não identificada sobre o território nacional".

Debatido - Quebrando o protocolo nesse tipo de solenidade, até o presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), discursou.

Ele que foi relator na Casa do pedido de aprovação do financiamento para o Sivam. Tebet falou da importância da participação do Legislativo no processo e assegurou que Fernando Henrique nunca lhe pediu qualquer coisa referente ao Sivam, a não ser que trabalhasse pelo País. "Nunca um projeto foi tão debatido e estudado", disse.

Fernando Henrique, que não deixou de agradecer a cooperação dos parlamentares. Em seguida, afirmou que, com o Sivam, "as atividades ilícitas encontrarão um contra-ataque mais eficaz". Na sua opinião, a entrada em operação do projeto "é um divisor de águas na história da região", que garantirá sua soberania. "Muita gente fala da soberania, mas importante mesmo é exercer a defesa da soberania, que é o que fizemos aqui com o Sivam", argumentou.

Em seguida, O presidente afirmou que os termos do contrato assinado com a empresa americana Raytheon, responsável pela instalação do Sivam, permitiu a transferência de tecnologia para o Brasil, com capacitação de pessoal. "Os especialistas civis e militares puseram o projeto em pé e merecem nossos aplausos." Além disso, Fernando Henrique informou que no domingo ofereceu ao presidente eleito da Colômbia, Álvaro Uribe - com quem se encontrou em Brasília - cooperação com informações a serem obtidas pelo Sivam, que podem ser úteis no combate ao narcotráfico.

Cerimônia - Quintão, Parente e os ministros da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardemberg, da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, do Planejamento, Guilherme Dias, da Integração Nacional, Luciano Barbosa, estavam presentes à cerimônia, no Centro de Vigilância Aérea instalado em Manaus. Também participaram o ministro interino das Relações Exteriores, Osmar Chohfi, os comandantes militares do Exército, general Gleuber Vieira, da Marinha, almirante Sérgio Chagasteles, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Baptista, e a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil. A entrada em operação do projeto feita ontem oficialmente com uma conversa, via rádio, com um comandante de um avião da Varig que estava sobrevoando a região.