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Presidenciáveis marcam posição em relação ao tema

OESP, Vida, p. A15
15 de Dez de 2009

Presidenciáveis marcam posição em relação ao tema
José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) defenderam propostas descartadas por Dilma Rousseff (PT)

Lisandra Paraguassú
Enviada especial, Copenhague

Com três pré-candidatos à Presidência da República em 2010 reunidos na Conferência do Clima, Copenhague serviu ontem de palco para declarações dos brasileiros e para marcar posições em relação ao ambiente. O governador José Serra (PSDB-SP) e a senadora Marina Silva (PV-AC) defenderam propostas que o governo, comandado na COP-15 pela pré-candidata e ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), descartou.

Para Serra e Marina, aceitar a contribuição brasileira para o fundo internacional de adaptação climática e a fiscalização do cumprimento das metas a que se propôs são medidas que o Brasil deveria adotar. Serra defendeu que o País se comprometa com o fundo como uma forma de exercer pressão sobre nações desenvolvidas. "Terá um significado simbólico importante. Se o Brasil vai fazer, amplia a pressão política sobre os desenvolvidos, que fizeram a grande poluição no mundo. Pode ser US$ 1 bilhão por 10 anos. Você põe dinheiro num fundo e abre uma pressão tremenda", disse Serra.

Marina repetiu que o Brasil não deve fugir de responsabilidades e sim "servir de exemplo". "Deve ser uma contribuição proporcional, não equivalente ao dos países desenvolvidos." Para ela, o valor adequado para o Brasil contribuir com um fundo seria US$ 1 bilhão.

Ambos se encontraram em um palestra organizada pela delegação brasileira no Bella Center, onde acontece a conferência. Marina também cobrou que o Brasil aceite prestar contas da meta que apresentou, de reduzir suas emissões em 39% até 2020, medida que Serra concordou. "O Brasil não pode não querer ter suas metas acompanhadas pelos resultados", disse a senadora.

Os dois temas foram tratados no dia anterior por Dilma e ela havia descartado tanto a contribuição brasileira quanto o acompanhamento de metas, aceitando apenas a verificação das ações prometidas. Ontem, voltou a dizer que não haverá contribuição do País ao fundo. "Um bilhão de dólares não faz nem cosquinha. Os valores estão em US$ 120 bilhões, US$ 150 bilhões, os menores. A gente não pode só fazer gestos, temos que fazer medidas reais, concretas, comprometidas", afirmou a ministra. E completou: "Quem puder dar sua contribuição voluntária dará. Mas, me desculpa, não é um US$ 1 bilhão."
O governador está na COP para participar de eventos que tratam dos Estados. Já Marina está como observadora.

Dilma ofusca Minc e comete gafe

Lisandra Paraguassú

A intimidade da ministra da Casa Civil e pré-candidata à Presidência, Dilma Rousseff, com o tema ambiental é nova. Recém-chegada a Copenhague para chefiar a delegação brasileira na COP-15, Dilma assumiu as entrevistas e os discursos.

Em sua primeira conversa com jornalistas, anteontem, deixou como coadjuvante o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que cancelou sua própria entrevista para dar espaço à colega.

No encontro com jornalistas, Dilma mal deixou Minc falar. Chegou a dizer que um dos programas dos quais o ministro falava não tinha "nada a ver" com o que fora perguntado. Ontem, Dilma cometeu uma gafe ao abrir um evento brasileiro sobre a Amazônia. Em uma frase enviesada, ela disse: "O meio ambiente é um obstáculo ao desenvolvimento sustentável."

OESP, 15/12/2009, Vida, p. A15

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