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Premier chinês chega hoje ao Brasil com US$ 53 bi para investir

O Globo, Economia, p. 17
18 de Mai de 2015

Premier chinês chega hoje ao Brasil com US$ 53 bi para investir
Li Keqiang deve anunciar participação em 58 projetos, mas há pendências a resolver

ELIANE OLIVEIRA
elianeo@bsb.oglobo.com.br
DANILO FARIELLO
danilo.fariello@bsb.oglobo.com.br

-BRASÍLIA- Prestes a anunciar a participação da China em 58 projetos industriais de infraestrutura e logística no Brasil, estimados em US$ 53,3 bilhões, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, desembarcará em Brasília hoje com pendências a resolver com a presidente Dilma Rousseff. Alguns acordos bilaterais assinados há quase um ano, quando esteve aqui o presidente do país asiático, Xi Jinping, não saíram do papel, como a liberação das exportações brasileiras de carne bovina e a prometida compra de 60 aeronaves da Embraer. Para piorar, o governo brasileiro está incomodado com o atraso dos chineses na construção de uma linha de transmissão na usina hidrelétrica de Teles Pires, entre Mato Grosso e Pará.
Nos dois primeiros casos, há expectativa de solução na próxima semana. Já está pronta uma minuta de acordo sanitário liberando as vendas de carne bovina in natura ao mercado chinês. As importações do Brasil estavam suspensas desde dezembro de 2012 e, mesmo com a garantia de Xi, continuam embargadas. E deve ser formalizada a venda de 22 aviões às empresas aéreas chinesas Tianjin Airlines e ICBC.
A linha de transmissão construída pela Matrinchã Transmissora de Energia, controlada pela State Grid, deveria estar pronta desde o início do ano, para escoar energia da hidrelétrica de Teles Pires, mas só entrará em operação em 31 de julho, segundo a empresa. Diante do atraso, o governo solicitou à transmissora a criação de uma linha alternativa, mais curta, até Sinop (MT). A obra que deveria ter ficado pronta em abril está atrasada.
De acordo com a Matrinchã, o cronograma original "foi impactado por fatores alheios à responsabilidade da empresa", como a demora de avaliação pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de sítios arqueológicos descobertos durante a obra e localização errada pela Empresa de Pesquisa Energética do lago da usina Sinop.
Por outro lado, os investimentos a serem anunciados no Brasil não poderiam vir em melhor momento, já que o dinheiro está curto, por causa do ajuste fiscal. O acordo terá como signatários o Ministério do Planejamento e a chancelaria da China. Sua implementação será apoiada financeiramente por memorando de entendimento entre a Caixa e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC).
Segundo o subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores, José Alfredo Graça Lima, deverão ser assinados 36 documentos durante a visita: oito acordos de cooperação (quatro governamentais e quatro empresariais); três declarações e 25 outros atos. Sobre os projetos de investimentos, ele disse que parte é de empreendimentos novos.
- Os investimentos abrangem áreas diversas, como beneficiamento de recursos naturais e a própria ferrovia transoceânica, que vai ligar os oceanos Atlântico ao Pacífico - disse.
Ele afirmou desconhecer possíveis exigências dos chineses em troca dos investimentos, como uso de trabalhadores do país asiático para executar as obras, como ocorre na África. Também não comentou o que o Brasil pode pedir em troca da participação de empreiteiras da China nos projetos. Um exemplo seria a transferência de tecnologia.
Para Luiz Augusto de Castro Neves, ex-embaixador do Brasil em Pequim, investir em ferrovias é fundamental para os chineses, que querem baratear o custo do transporte de produtos de primeira necessidade importados, como a soja:
- Nossa infraestrutura deixa muito a desejar e os chineses querem garantir que terão suprimentos.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, embora a China seja o principal parceiro comercial do país, o Brasil participa com 1,7% do total do comércio do gigante asiático. Em 2013, era o 17o parceiros dos chineses.

O Globo, 18/05/2015, Economia, p. 17

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