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Pragmatismo líquido

FSP, Editoriais, p. A2
12 de Fev de 2015

Pragmatismo líquido
Comitê da crise hídrica tem tarefas pesadas pela frente; não há espaço para disputas partidárias, adiamentos ou falta de coordenação

Reúne-se nesta sexta-feira (13) o Comitê de Crise Hídrica criado há nove dias pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em que pese o ligeiro alívio aos reservatórios da região metropolitana de São Paulo trazido pelas últimas chuvas, errará o colegiado se vier a procrastinar certas tarefas inadiáveis.

Prestígio político e apoio da população não estarão em falta.

O grupo conta com cinco secretarias estaduais e a Defesa Civil, mais a Prefeitura de São Paulo e cinco consórcios intermunicipais da região metropolitana, além de sociedade civil e instituições acadêmicas. Parece representar bem as várias cidades e setores mais afetados pela estiagem ou cuja mobilização será imprescindível no caso de a crise agravar-se ainda mais.

Uma das primeiras atribuições do comitê estará em demonstrar um inequívoco sentido de urgência. Tal é o espírito predominante entre os cerca de 20 milhões de habitantes da região, que deram provas cabais da disposição para buscar soluções para a escassez.

Pesquisa Datafolha mostrou que 60% da população metropolitana favorece a adoção de um rodízio, apesar do incômodo que acarretará --já vivido em parte pelos 69% dos habitantes da região que relataram falta de água no último mês.

Mais que isso: segundo informação da Sabesp, 78% de seus clientes lograram reduzir o consumo em janeiro, com três quartos desse contingente de poupadores fazendo jus a bônus de 10% a 30% nas contas. Cabe assinalar que esse resultado foi alcançado antes mesmo de entrar em vigor o ônus para quem aumentar o uso.

O Comitê de Crise Hídrica não pode deixar de aproveitar esse momento. A ocasião é propícia para amplificar os estímulos positivos e punitivos, por exemplo com a adoção padronizada de multas para coibir abusos como a lavagem de carros e calçadas com mangueiras.

Tais medidas, que só funcionarão como devem se forem implementadas sem leniência, precisam vir acompanhadas de forte campanha informativa, e essa também será uma tarefa do colegiado.

Urge que os prefeitos estruturem ações dessa natureza, de maneira a simplificar e amplificar a mensagem: todos têm de economizar ainda mais.

Há outros pontos em que a coordenação será bem-vinda, da regulamentação para o uso de carros-pipa a providências para economia de água em instituições como escolas, hospitais e presídios.

A região metropolitana de São Paulo tem 39 prefeitos, de uma dezena de partidos (embora predominem PT, PSDB, PMDB e PV). Um grupo assim plural, se souber casar a variedade com o pragmatismo que a atual emergência exige, poderá dar grandes passos. Espera-se que esteja preparado para isso.

FSP, 12/02/2015, Editoriais, p. A2

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/207914-pragmatismo-liquido.sht…

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