Povos indígenas se reúnem no II Encontro de Culturas

Começou ontem pela manhã o II Encontro de Culturas Indígenas do Estado do Acre que se estende até o próximo dia 21, onde cerca de 160 pessoas estarão se reunindo no Espaço Cultural Kaxinawá. Estão participando do encontro 17 etnias, sendo que 14 delas são do Acre. Estão sendo debatidos diversos temas como saúde, educação e mercado, mas o principal tema trata do reconhecimento dos povos e a demarcação de suas terras, que estão sendo alvos constantes de invasores. Este principal tema que será debatido entre os índios do Acre e do sul do Amazonas reflete o temor de todas as nações indígenas do país: a entrega das áreas consideradas patrimônio nas mãos de oportunistas brasileiros e o que é pior, de estrangeiros, que pode ser feita seguindo o costume do governo federal de entregá-las, permitindo ou fazendo vistas grossas a possibilidade de mineração e outras atividades em terras indígenas.

Encontro terá estatuto como resultado
Segundo o sertanista da Funai, Antônio Macedo, apesar deste encontro ser o segundo, ele já vem sendo semeado desde 1983 pela Comissão Pró-Índio e tem a intenção de mostrar os valores, as culturas e as artes de cada etnia indígena que tem suas particularidades. Da década de 70 para cá estamos obtendo várias conquistas e uma maior compreensão da cultura de cada povo. No entanto, ainda temos muitas dificuldades que enfrentar e o momento para tentar resolver alguma coisa é nesse encontro. Não temos ainda, por exemplo, um ponto de referência no Acre para o índio. Quando eles se dirigem para cá, não têm onde ficar, nem onde expor seus trabalhos para vendê-los. Isso é necessário. Durante o encontro haverá discussões sobre as dificuldades e propostas que os índios ainda enfrentam que serão entregues ao governo estadual no dia 19. Haverá também a formação de uma comissão que organizará essas propostas e as enviarão à Brasília, onde se juntarão a outras propostas de todo o país. Uma dessas propostas será a criação do Estatuto do Índio, onde as questões relativas a saúde digna, educação diferenciada e apoio na produção serão inseridas. Este ano está havendo pela primeira vez a participação dos povos
nauas que vieram representados por quatro membros da tribo. De acordo com o naua Ilson Carneiro Albuquerque é também a primeira vez que vem até a Capital acreana. Estamos achando tudo diferente e um dos nossos objetivos aqui, além de mostrarmos nossa cultura é conhecer nossos parentes e pedirmos ao governador a demarcação das nossas terras o que ainda não foi realizado.