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Autor: Flaviano Schneider
16 de Mar de 2011
Depois de dois dias de encontro, representantes das comunidades elaboram documento com indicativos para o relacionamento
Durante dois dias, lideranças dos povos indígenas do Vale do Juruá participaram de encontro promovido pela Assessoria Especial de Assuntos Indígenas do Governo do Estado em Cruzeiro do Sul, ocasião em que foram discutidas as possíveis parcerias entre o governo e o movimento indígena.
Com a presença do assessor Zezinho Kaxinawa e do assessor técnico Marcelo Piedrafita, as lideranças puderam expressar suas reivindicações, criticar, elogiar e informar como está o planejamento de suas associações. Também a Organização dos Povos Indígenas do Vale do Juruá (Opirj), Organização dos Povos indígenas do Vale do Tarauacá (Opitar) e Organização dos Povos Indígenas da Região do Envira (Opire) apresentaram seus trabalhos e sua expectativa de como vai ser dar daqui para frente o relacionamento com o governo.
Além dos dois assessores do governo, também esteve presente o recém-nomeado presidente da Funai, Francisco Piyãnko. Enviaram representantes os povos indígenas Shanenawa, Kaxinawa, Yawanawa, Katukina, Ashaninka, Shawãdawa, Kuntanawa, Nawa, Jaminawa-Arara, Apolima-Arara, Nukini e Puyanawa, dos municípios de Feijó, Tarauacá, Cruzeiro do Sul, Jordão, Porto Walter, Rodrigues Alves, Mâncio Lima e Marechal Thaumaturgo.
No encerramento do encontro, foi elaborado um documento intitulado "Carta de Cruzeiro do Sul", no qual as lideranças solicitam o fortalecimento da Assessoria Indígena como porta de entrada do povo indígena em relação ao governo do Estado e como forma de interlocução efetiva e permanente com as comunidades e suas organizações representativas.
A carta ainda propõe a criação do Conselho Estadual Indígena e de um Fundo Indígena, pautas que já tinham sido iniciadas no 3 Fórum dos Povos Indígenas, realizado no ano passado, na Terra Puyanawa em Mâncio Lima.
Também foi criada uma comissão que vai se encarregar de discutir com o governo a criação de uma Secretaria Indígena. A carta ainda pede a reestruturação da Funai na região.
Segundo o assessor Zezinho Kaxinawa, as comunidades indígenas já estavam aguardando esse momento, em que pudessem expor suas expectativas em relação ao novo governo. "Já tivemos muitas coisas construídas dentro do governo da Frente Popular. Vamos dar continuidade aos programas já encaminhados e a partir de agora buscar outro programas, para implementar ações nas comunidades" disse.
Ele conta que em sua função vai procurar direcionar os programas já existentes em secretarias como Educação, Seaprof e Deracre para as comunidades indígenas, de maneira que as ações sejam bem aplicadas. "Estou disposto a fazer o que compete à assessoria, que é dialogar diretamente com as comunidades, com as bases e suas lideranças, para construir essa parceria."
Índios comentam o encontro
"Ao longo dos anos superamos etapas importantes. Uma delas é tirar essa nomeação para o cargo de assessor do governo como a coisa mais importante. Foi aberto um debate com todas as comunidades indígenas e garantido o mesmo espaço, o mesmo direito. Esse tratamento fez com que a grande preocupação seja estruturar políticas públicas e que o governo possa adotar um marco legal para que as políticas não sejam apenas políticas de governo, mas de Estado, de modo que haja uma continuidade, sendo os ajustes feitos no debate. Hoje já há condições de trabalhar a questão indígena e avançar rápido nessa direção. As comunidades estão esperando que o governo, com tudo o que já foi construído e com os indicativos que estão aí, coloque isso na prática. Hoje, algumas comunidades já estão bem preparadas para esse tipo de diálogo. Uma ou outra está discordando, quer um tratamento assistencialista, mas acho que o governo não pode ficar refém desse pensamento. Acho que o governo hoje tem condições de agir com respaldo das comunidades pensando nessa linha do fortalecimento das comunidades indígenas numa relação mais de parceria, de modo a tirá-las cada vez mais da dependência do Estado" disse Francisco Piyãnko, presidente da Funai, ex-assessor dos assuntos indígenas no governo de Jorge Viana e de Binho Marques.
Já Ronilson Nawa, liderança do povo Nawa, disse que está na luta para registrar a associação e consolidar o povo Nawa. "Recebemos com muita alegria o convite para participar dessa reunião. Apoiamos a indicação do Zezinho Kaxinawa para a assessoria indígena e confiamos em seu trabalho. Nós já somos bem considerados como produtores em Mâncio Lima, neste ano produzimos 110 toneladas de milho e queremos apoio para incrementar e diversificar nossa produção", afirmou.
Osmildo Kuntanawa, presidente da Opirj afirmou: "Temos este governo até 2014. Queremos um encaminhamento único e objetivo para garantia de que as ações a serem trabalhadas fiquem de governo a governo. Queremos um convênio com o governo para dinamizar as ações da Opirj".
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