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Povos Indígenas da Bahia apresentam programação em Salvador

FUNAI - http://www.funai.gov.br/
13 de Mar de 2009

A Praça 2 de Julho (Campo Grande), em Salvador/BA, se deixou enfeitar por uma reluzente lua cheia, que abrilhantou a apresentação dos povos indígenas da Bahia no entardecer desta terça-feira (10). O grupo do E14 - Encontro de Cultura dos 14 Povos Indígenas da Bahia - se reuniu aos pés da estatua do Caboclo, símbolo da pluralidade cultural e independência do estado, para o Toré, ritual comum a todos os povos indígenas da América, no qual seus participantes entoam cânticos tradicionais e ancestrais para buscar integração com as forças da natureza.

Encantado com a dança e com os adornos de cerca de 150 indígenas, o público soteropolitano deixou de lado a pressa de chegar em casa e parou para apreciar a apresentação e levar uma lembrança do evento. Os baianos carregaram consigo fotografias de câmeras e celulares, ou peças de madeira e barro, utensílios, arco e flecha, instrumentos musicais, brincos, pulseiras e colares do mais legítimo artesanato milenar, comercializado na Feira montada em uma das entradas principais da Praça, em parceria com o Instituto Mauá.

Ao cair da noite, os indígenas seguiram para o Teatro Castro Alves, onde a professora Maria Hilda Baqueiro Paraíso, doutora em História Social pela Universidade de São Paulo e professora do departamento de História da Universidade Federal da Bahia, organizou a exposição "Os Tupinambá de Kirimuré". A mostra pretende sinalizar a presença indígena na área da Baía de Todos os Santos, por eles chamada de Kirimuré, nos séculos XVI e XVII. "Através de recursos visuais e fotografias, a exposição vai identificar os locais onde os indígenas haviam construído suas aldeias, apontar onde ocorreram as várias revoltas indígenas e os aldeamentos que compunham o sistema de defesa da Cidade do Salvador nesse período", explica Maria Hilda.

O encerramento da programação do E14+, que dá continuidade ao Encontro das Culturas dos 14 Povos da Bahia, realizado entre 16 e 19 de outubro de 2008, na aldeia Tuxá em Rodelas/BA, foi na sala principal do Teatro. O palco ganhou vida com o Toré, seguido de uma homenagem ao índio Galdino Pataxó, morto em abril de 1997 por adolescentes de classe média-alta de Brasília, que atearam fogo ao indígena enquanto dormia em um ponto de ônibus. Em poesia, um representante do povo Pataxó proclamou "o dó e as dores" pela ausência de Galdino.

Em seguida, um documentário de 52 minutos exibiu as tradições culturais dos povos indígenas, através de entrevistas e imagens, e revelou aos baianos os mitos e lendas, crenças, pinturas e o ritual do Toré, entre outras manifestações que aconteceram durante o E14. Dirigido por Walter da Silveira, o filme conta em tom político o drama vivido pelos Tuxá, quando há 20 anos, foram relocados da Ilha da Viúva, onde era localizada a sua aldeia, por conta da construção da Hidrelétrica de Itaparica, em 1987. A noite terminou em grande estilo, com ceia farta de guloseimas da culinária indígena elaboradas com mandioca e milho.

Relacionamento renovado
Uma agenda política entre representantes das diversas Secretarias de Governo, Funai e lideranças indígenas do E14, na manhã de quarta-feira (11), estabeleceu novas perspectivas para os povos indígenas do estado. "Nosso objetivo é o encaminhamento conjunto das demandas apontadas pelos grupos que se reuniram durante o E-14", conta o coordenador do Núcleo de Culturas Populares e Identitárias da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA), Hirton Fernandes.

O E14 reuniu cerca de 500 pessoas, dentre os quais 266 representantes indígenas dos povos Atikum, Caimbé, Kiriri, Kantaruré, Pankararé, Pankararu, Pataxó, Hã-Hã-Hãe, Payayá, Truká, Tumbalalá, Tupã, Tupinambá, Tuxá E Xucuru-Kariri. A realização do E14 é resultado de articulações da Secult/BA em parceria com as Secretarias de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Educação, Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda, Meio Ambiente, além da Funai e suas representações estaduais, lideranças indígenas Pataxó, Kiriri e Tuxá, as Universidades Federal e Católica da Bahia, e a Associação Nacional de Apoio Indigenista (ANAI).

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