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Povos indígenas cobram homologação da Raposa/Serra do Sol

Brasil Norte-Boa Vista-RR
Autor: WIRISMAR RAMOS
30 de Jan de 2005

Reunidos em Porto Alegre (RS) desde o último dia 26, onde acontece até hoje o V Fórum Social Mundial (FSM), mais de 400 índios, representantes de 150 povos do continente americano, apresentaram à imprensa uma Carta Denúncia na qual, entre outras coisas, exigem a homologação da reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima.
O documento apresentado à Imprensa em Porto Alegre é a Carta Denúncia dos Povos Indígenas do Brasil no Fórum Social Mundial 2005, onde eles denunciam o que denominam de a "continuidade do processo de colonização forçada que vem se reproduzindo nos dias atuais" no País.
Na Carta, os indígenas afirmam que, apesar de todo esforço das comunidades, povos e organizações, persistem a omissão, o descaso e a morosidade do governo em garantir a demarcação de suas terras e enfatizam ainda que a ganância e a exploração capitalistas têm mais importância no governo Lula do que a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas.
"Só assim se explica que apenas 11 terras indígenas tenham seus limites declarados nos últimos dois anos, (...) a não homologação da Raposa Serra do Sol em Roraima e a negociação política para redução de nossas terras em todo país alimentada pela criação de comissões envolvendo os interesses anti-indígenas locais e regionais", denunciam.
Os indígenas lembram também que somente nos últimos dois anos, aproximadamente 50 índios foram assassinados, comunidades indígenas foram queimadas por arrozeiros, mulheres e crianças indígenas ameaçadas de morte e aliados seqüestrados em Roraima.
Este último caso refere-se ao episódio ocorrido há um ano, quando políticos, arrozeiros e empresários comandaram uma mega manifestação que, durante três dias, fechou todas as estradas federais que dão acesso à Capital, Boa Vista.
Os povos indígenas presentes no Fórum Social Mundial são representados, basicamente, por três organizações: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), pela Associação dos Povos Indígenas do Nordeste e Minas Gerais (Apoinme) e Conselho Indígena de Roraima (CIR).
Os indígenas, que participam do evento desde o início, pela primeira vez têm um espaço próprio: o "Puxirum de Artes e Saberes Indígenas". A palavra indígena "puxirum" significa "mutirão" em português. De Roraima, participam três representantes do CIR, entre eles, a procuradora jurídica da entidade, índia wapixana Joênia Batista. O CIR, uma Organização Não Governamental (ONG) que defende a homologação em área única da reserva Raposa/Serra do Sol (de 1,7 milhão de hectares) foi a única entidade indígena de Roraima a enviar representantes ao FSM. A Sociedade dos Índios Unidos do Norte de Roraima (SODIURR) alegou que não mandou representantes porque não recebeu convite

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