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Povo Yudja ensina arte e música para crianças na Suíça

ISA- Instituto Socioambiental
Autor: Simone Ferreira de Athayde
21 de Set de 2006

No começo de setembro lideranças Yudja do Parque Indígena do Xingu foram à Suíça entregar uma coleção completa de instrumentos musicais tradicionais ao Museu das Culturas de Basiléia. Na visita, os índios também ministraram oficinas de pintura corporal e construção de flautas para alunos de escola pública e palestra sobre seu projeto de valorização cultural.

Um grupo de quatro representantes do povo Yudja, que vivem do Parque Indígena do Xingu (PIX), visitou a cidade de Basiléia, na Suíça, entre 5 e 12 de setembro, para realizar atividades de intercâmbio cultural. A visita, que contou com a participação de Simone Athayde, do Instituto Socioambiental (ISA) e da pesquisadora Joana Camejo Rodrigues, parte de um projeto de valorização cultural da música yudja, realizado por meio de uma parceria entre o Museu das Culturas de Basiléia e a Associação indígena Yariakayu, com apoio do ISA.

Durante a visita, os Yudja ministraram oficinas de pintura corporal e construção de flautas para alunos da escola pública Três Rosas e também para outras crianças que compareceram à oficina, promovida no Museu das Culturas. As crianças ficaram fascinadas pela experiência de poder interagir com índios vindos de tão longe e com uma vida tão diferente das suas.

No dia 10 de setembro, também houve a solenidade de entrega de uma coleção completa de flautas ao museu, além de uma palestra pública proferida pelos Yudja (traduzida para o alemão-suíço). Na palestra, os Yudja apresentaram o seu trabalho de revitalização cultural e também comentaram sobre os desafios que enfrentam para manter a conservação ambiental de seu território diante de ameaças vindas de fora do PIX, como a expansão da soja, o desmatamento e as invasões de madeireiros, pescadores e caçadores.

Histórico
Desde 2003, o Museu das Culturas vem apoiando a realização de oficinas de revitalização musical na aldeia Tuba Tuba, no Parque Indígena do Xingu, onde os mais velhos yudja começaram a ensinar os jovens a confeccionar e tocar mais de 15 tipos de flautas e outros instrumentos musicais que constituem o rico patrimônio artístico deste povo indígena.

Em contrapartida, os Yudja confeccionaram para o museu a coleção completa de seus instrumentos musicais acompanhada de etiquetas personalizadas, gravaram um CD contendo amostras das músicas das flautas e produziram um catálogo digital bilíngüe (yudja-português) organizado pelos professores e alunos das escolas Yudja contendo desenhos, fotos e informações sobre os instrumentos musicais, recolhidos através de pesquisas com os mais idosos. Saiba mais.

O trabalho desenvolvido pelos Yudja e a parceria entre sua associação e o museu suiço mostram caminhos alternativos para a cooperação norte-sul e para o fortalecimento da identidade e auto-determinação indígenas por meio da arte. Indica também a possibilidade e a importância dos museus etnológicos desenvolverem ações para conservar a diversidade cultural do passado e no presente.

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