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Povo yawanawá apóia prospecção de gás e petróleo no Acre Coordenador da nação mantém encontro com o senador Tião Viana

Página 20
Autor: Flaviano Schneider
17 de Fev de 2007

O coordenador da nação Iawanawa, Joaquim Iawanawa, sua esposa Laura e a pajé Raimunda Putani visitaram o senador Tião Viana, em seu escritório ontem, cultivando, assim, o bom relacionamento que sempre existiu entre eles. De início, os índios tiveram uma boa notícia: um projeto para criação de pequenos animais na aldeia yawanawa, articulado pelo escritório do senador em Rio Branco, em parceria com a Seater foi aprovado. Segundo Joaquim, a população do povo yawanawa vem aumentando e é cada vez maior a pressão por caça, o que pode afetar os recursos da fauna da região. Por este motivo o projeto vem a calhar, dentro dos planos da aldeia que em breve já poderá ter nova fonte de proteínas.

Joaquim está preocupado com os casos de diarréia na aldeia e transmitiu isto ao senador. Providências já estão sendo tomadas em relação ao fornecimento de remédios e ida de uma equipe itinerante. O senador também vai apoiar o povo yawanawa em um projeto de saneamento para toda a aldeia, situada na região do rio Gregório. Dentro de um mês, os yawanawas com apoio do escritório do senador e Seplands já estarão com o projeto pronto e então começa a articulação em Brasília.

Joaquim ainda falou de outro projeto que deverá entrar em funcionamento em julho deste ano: o Centro de Terapia em Medicina Tradicional Yawanawá.

Apoio à prospecção

O coordenador Yawanawá conversou ainda longamente com o senador sobre a próxima prospecção de gás e petróleo pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Ele já estava a par da polêmica com alguns ambientalistas. Prestou atenção nas ponderações do senador e depois ligou para outros líderes da aldeia expondo o assunto. Em seguida garantiu o apoio de seu povo ao projeto de prospecções da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no Acre em busca de gás e petróleo. "Queremos participar. Estamos abertos às prospecções", disse.

Na concepção de Joaquim, um povo indígena só pode cultivar sua herança cultural se for unido e só pode ser unido se tiver um projeto econômico. Ele diz que a venda da produção do corante de urucum para a indústria européia ajudou a consolidar seu povo economicamente, o que abriu caminho para a reorganização cultural.

Disse que os royalties de uma possível futura exploração, desde que ocorra sem danos ambientais são bem vindos, pois garantirão ainda mais a independência econômica de seu povo. Segundo ele, tudo que o homem faz tem um preço. "Se eu fizer uma casa na aldeia, terei que cortar uma árvore". Considera que para diminuir a pressão ao meio ambiente no planeta é preciso diminuir o consumo, o que depende da disciplina de cada um, em seu consumo diário. Mas, já que existe o consumo, alguém tem que produzir. Para ele não é justo que nossos vizinhos explorem e nós não possamos fazê-lo. No caso do Acre, se pudesse substituir o óleo diesel consumido por gás produzido aqui mesmo, o impacto ao meio ambiente seria consideravelmente menor. Ademais, ele entende que os recursos dos royalties podem ser utilizados para a proteção e o estudo da floresta e a preservação perene. Para ele, a soja seria bem pior, pois implicaria em desmatamentos.

"Estamos com toda a riqueza. Temos a floresta, a biodiversidade, a diversidade cultural. Talvez estejamos também em cima da riqueza. Mas somos pobres! É isso que precisa acabar. O acreano precisa disso e o petróleo e o gás podem propiciar", afirmou.

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