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Povo Yanomami será protagonista do projeto Ajanari, diz secretário

Folha BV- http://folhabv.com.br
Autor: Paola Carvalho
25 de Jul de 2016

O projeto Ajanari, iniciativa voltada para dar segurança alimentar ao povo indígena Yanomami, foi pauta do programa Agenda da Semana, da Rádio Folha 1020 AM, no domingo, 24. Para tratar do assunto, estiveram presentes o secretário estadual de Planejamento e Desenvolvimento, Alexandre Henklain; o secretário estadual do Índio, Dilson Domente Ingaricó; o diretor da Fundação Hutukara, Dário Kopenawa; e a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e responsável técnica do projeto, Teresinha Albuquerque.

De acordo com Henklain, o projeto nasceu da própria vontade das comunidades indígenas e a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan) foi procurada para tentar sanar o problema. "Nós fomos procurados na Seplan há alguns meses por representantes indígenas preocupados com as questões de desnutrição das comunidades Yanomami, com a necessidade da produção de alimentos para subsistência, e, quem sabe, em uma perspectiva natural de crescimento, com a produção de alimentos ao longo do tempo, do sustento através do comércio dos produtos excedentes", revelou o secretário.

Henklain disse que o principal foco destas produções eram as culturas de ciclo curto, como é o caso de grãos, como o milho, da produção de frutos e da proteína animal, com o intuito de melhorar a condição nutricional dessas comunidades. "Nos falaram da região do Ajanari, em Caracaraí, que tem pastagens formadas por fazendas que lá existiam, inclusive com currais e algumas cabeças de gado, ou seja, uma área que está muito apropriada para o desenvolvimento de atividades agropecuárias e florestais", acrescentou.

O secretário revelou que então a Seplan fez o contato com diversas instituições, entre elas, a Embrapa, Secretaria do Índio (SEI), Secretaria de Agricultura (Seapa), Agência de Defesa Agropecuária (Aderr), Instituto de Terras de Roraima (Iteraima), Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) e Prefeitura Municipal de Caracaraí para que o projeto fosse desenvolvido de forma múltipla, mas sempre mantendo os indígenas como protagonistas. "Para que eles ganhassem condições de autonomia e que eles mesmos pudessem gerenciar o projeto", afirmou. "O projeto começou a ser elaborado em conjunto com as lideranças indígenas que participaram de todas as reuniões, nos dizendo o que era e o que não era apropriado", acrescentou.

O projeto foi pensando, a princípio, para ser instaurado de forma piloto, para obter os resultados de forma mais rápida e, com as consequências positivas, servir como forma de exemplificar o trabalho e garantir um número maior da adesão dos envolvidos. O secretário também acrescentou que desde o início foi estabelecido que a integração lavoura, pecuária e floresta - uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa e que também faz jus a forma natural dos povos indígenas de interagir com a natureza - melhor se adequava às demandas das comunidades.

Sobre a participação da Embrapa no Ajanari, a responsável técnica do projeto, Teresinha Albuquerque, disse que a tentativa é de instalar tecnologias já estabelecidas na empresa, primeiramente de forma reduzida e depois em larga escala. "A tentativa é colocar essas tecnologias de forma mais simples para que a comunidade absorva. Lembrando que o sucesso do trabalho vai depender do indígena trabalhar a ideia para que as comunidades e famílias que lá vão se estabelecer adotem essas medidas aos poucos", disse.

Orçamento

O secretário disse que por ser um projeto reduzido, o orçamento da primeira etapa do Ajanari está previsto em somente R$ 62 mil e que muito dos investimentos na fase de teste serão oriundos de recursos provenientes dos órgãos envolvidos. "Dentro da secretarias do Índio e da Agricultura existem recursos para insumos, como é o caso do calcário e materiais permanentes, como é o caso de enxadas. São investimentos bastante reduzidos dentro desse cenário de protótipo", afirmou.

Segurança alimentar

Quanto ao problema de segurança alimentar do povo Yanomami, o diretor da Fundação Hutukara, Dário Kopenawa, reforçou que grande parte dos problemas foi causado pela sociedade não-indígena. "A entrada de muitos invasores garimpeiros na terra Yanomami resultou em muitos problemas. Hoje, em algumas regiões, o subsolo está com problema de mercúrio, erosão. Não está crescendo mais a alimentação regional", disse.

Por conta dos problemas encontrados nas terras indígenas, as comunidades tiveram que pensar em uma forma de solucionar a questão, principalmente após anos de lutas pela demarcação das áreas e após constatar que outras comunidades indígenas já tinham parcerias com o Governo, reforçou Kopenawa. Outro ponto citado pelo diretor da Fundação foi a preocupação da comunidade quanto à vinda de parte do povo Yanomami para a Capital, em busca de alimentação. "É importante resgatar esses parentes para trabalhar junto na região do Ajanari, queremos tentar ajudar a população", revelou.

Dilson Dormente Ingaricó também reforçou que a sua preocupação, enquanto secretário estadual do Índio, é trabalhar todas as populações indígenas, com foco nas comunidades mais necessitadas, para que tenham acesso às políticas públicas e que quando receberem o recurso, que consigam aplicá-lo da melhor forma. "Cada povo pode gastar como quiser, mas, no caso das comunidades indígenas, nós podemos ajudar no planejamento do gasto do recurso em seu favor. O Governo precisa trabalhar com programas já implantados e pensar na forma como a gente pode ajudar a melhorar a vida das comunidades".

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