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POVO MAXAKALI REALIZA SUA PRIMEIRA RETOMADA EM MINAS GERAIS

Lideranças Maxakali- Aldeia Noémia-Santa Helena-MG
17 de Ago de 2005

Aproximadamente 160 Maxakali pintados - 35 famílias - retomaram na manhã
desta quinta feira uma área invadida a mais de 50 anos por funcionários do
antigo SPI (Serviço de Proteção ao Índio), que de forma enganosa lhes
tiraram a terra e a venderam a fazendeiros da região. Límitrofre a terra
indígena Maxakali atualmente estava invadida por um pecuarista chamado
Valdomiro.

Pensava-se que com o processo demarcatório findado em 1999 o problema da
terra no povo tinha sido resolvido, mas descobriu-se logo depois que
muitos espaços tradicionais tinham sidos excluídos do processo.
Imediatamente o processo de luta pela terra foi reiniciado com a
elaboração de diversos documentos que foram encaminhadois à FUNAI e ao
Ministério Público Federal. O processo anterior durou mais de 50 anos para
que fosse concretizado, o povo não estava disposto a esperar tanto mais, e
tomou a decisão de realizar a primeira retomada da história de luta do
povo Maxakali.

Essa mesma fazenda foi alvo de denúncia do povo Maxakali esse ano em
virtude da exploração criminosa que estavam fazendo com a terra,
desmatando o pouco de mata que ainda existia naquele espaço. "Não
queremos encontrar só capim de novo, se nós esperar não vamos encontrar
mata nenhuma" afirma Noemia Maxakali.

Exigem agora a regularização o mais rápido possível deste terra, pois
segundo eles preferem morrer em cima dela do que sair. Abaixo documento na
íntegra do povo Maxakali comunicando a sua ação.

CIMI Leste/Equipe Maxakali

Santa Helena de Minas 19/08/05.

Aldeia de Noémia, 17/08/05.

Nos lideranças reunidos na casa de religião conversando e discutindo os
nossos problemas tomamos a decisão de voltar para nossa terra invadida há
mais de 50 anos atrás por funcionários do SPI (Serviço de Proteção ao
Índio) Miguelzinho e Lourêncio e Fontes que enganaram nossos antepassados
e tomaram nossa terra. Cansamos de esperar pela FUNAI, já fizemos muitos
documentos mas nada aconteceu.

Precisamos viver, fazer religião, comer e dar comida a nossos filhos na
terra que é nossa e nunca mais vamos sair da nossa terra. Não vamos
esperar mais, pois estão acabando com nossa mata. Estão explorando nossa
terra indígena acabando com nossa cultura, caçar, fazer artesanato, pescar
e fazer religião.

Exigimos que o governo brasileiro regularize a nossa terra o mais rápido
possível, pois dela não vamos sair. Preferimos morrer em cima dela do que
sair. O governo brasileiro tem que fazer justiça porque todo o mundo sabe
que terra é nossa.

Estamos voltando a nosso lugar junto com os espíritos de religião Maxakali.

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