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POVO KRENAK FECHA ESTRADA DE FERRO VITÓRIA-MINAS

Associação Indígena Krenak-Vale do Rio Doce-MG
01 de Dez de 2005

1.. A Terra Krenak
Nós, do povo Krenak, somos habitantes imemoriais do Vale do Rio Doce,
região leste de Minas Gerais. Contamos hoje com uma população estimada em 250 pessoas.
Após anos de guerras com os colonizadores fomos aldeados pelo Serviço de

Proteção ao Índio (SPI), em 1910, em uma área de 4 mil hectares na
margem esquerda do Rio Doce, no atual município de Resplendor, MG. Mesmo
assim, os conflitos continuaram e por duas vezes (1959 e 1972) fomos retirados
de nossas terras pelos governos federal e estadual, o que resultou numa
grande dispersão do nosso povo para os estados de S.Paulo, Mato Grosso e outras

regiões de Minas Gerais. Em 1972 fomos transferidos para a Fazenda
Guarani, no município de Carmésia (MG) e nossas terras entregues a fazendeiros. Somente em 1997 conseguimos retoma-las. Porém, a degradação ambiental é total, devido aos longos anos de exploração das terras por atividades agropecuárias e extrativistas.
Entretanto, uma importante área do antigo território Krenak, a região conhecida como Sete Salões, até hoje não foi demarcada, apesar de constantemente reivindicada por nós. Esta área, localizada na margem
direita do Rio Doce, foi ilegalmente transformada em unidade de conservação com
o nome de .Parque Estadual Sete Salões.. Em 2004 a FUNAI assumiu
compromisso com o nosso povo e perante o Ministério Público Federal-MG, de criar
Grupo Técnico(GT) com o objetivo de iniciar os trabalhos de demarcação desta
terra indígena, mas recuou diante dos interesses contrários do governo de
Minas Gerais.

2.. A CVRD x Povo Krenak
A Companhia Vale do Rio Doce .CVRD foi e continua sendo uma das grandes responsáveis pelo nosso sofrimento. A construção da Estrada de Ferro Vitória-Minas, no início do século passado, propiciou a entrada maciça e

desordenada de trabalhadores e fazendeiros na região. As consequências
foram o rápido desmatamento, a invasão das nossas terras, e conseqüentemente perseguições e morte de famílias inteiras, quase levando ao genocídio e etnocídio do nosso povo. Além disso, a extração ininterrupta do minério
de ferro, por várias décadas, têm provocado a poluição e a degradação do
Rio Doce, reduzindo a pesca e trazendo doenças para nós e toda a população
do Vale do rio Doce.

3.. O consórcio da UHE Aimorés x Povo Krenak
Nos últimos anos o nosso povo está sofrendo os problemas causados pela
Usina Hidrelétrica de Aimorés (UHE). Estudos comprovaram vários impactos
negativos para o nosso povo e a nossa terra, mas o consórcio construtor da usina
(CVRD e CEMIG) rompeu o diálogo com a nossa comunidade, suspendendo as
discussões sobre as compensações e indenizações devidas.
Diante de tudo isso, decidimos fechar a Estrada de Ferro Vitória-Minas
até que as nossas reivindicações abaixo sejam atendidas:

1.. Que a FUNAI constitua imediatamente um Grupo Técnico (GT), para a identificação do Sete Salões como Terra Indígena Krenak;
2.. Que o consórcio da UHE Aimorés retome imediatamente o diálogo com a

nossa comunidade com o objetivo de definir as compensações e
indenizações devidas;
3.. Que seja iniciado o diálogo entre a CVRD e nossa comunidade para entendimentos quanto aos impactos causados pela construção da ferrovia.

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