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Povo Krahô resgata tradições em Feira de Sementes

Funai
01 de Nov de 2007

A estrada arenosa não impediu que as 18 aldeias e demais convidados chegassem à sede da Associação União das Aldeias Krahô - Kapey, na cidade de Itacajá (TO), para a VII Feira Krahô de Sementes Tradicionais. Em parceria com Funai e Embrapa, a Kapey realizou o evento entre os dias 22 e 27 de outubro, com a presença de representantes dos povos indígenas Wapixana (RO), Krikati (MA), Apinajé (TO), Xerente (TO), Carajá (TO), Desano (AM), Kariri-Xocó (AL), Guató (MS), Macuxi (RO), Kaxinawá (AC) e Guarani-Kaiowá (MS).

O Coordenador da Kapey, Antônio Pohkroc, diz que a falta de sementes tradicionais motivou a realização da feira, proporcionando o resgate da cultura do povo Krahô. "Estávamos comprando sementes na cidade e isso não faz parte da nossa vivência", explica Antônio. O objetivo da feira é promover o intercâmbio de sementes e técnicas tradicionais de plantio, recuperando o grande número de sementes tradicionais que os povos indígenas faziam uso em sua cultura de subsistência.

Palestras, cantos, danças, músicas instrumentais, vídeos, histórias e comidas típicas completaram o programa da feira. Membros do Comitê do programa Luz para Todos também estiveram no evento para uma reunião com as lideranças indígenas. A ação cumpre com a proposta de estender os programas sociais do governo federal às aldeias, meta da Agenda Social dos Povos Indígenas, lançada no final de setembro.

A União das Aldeias Krahô congrega cerca de 2.200 habitantes em um território de 320.000 hectares de cerrado, na Terra Indígena Krahô. Antônio Pohcrok, diz que herdou demandas quando assumiu a coordenação da Kapey e, com recursos do BNDES, a associação consegiu construir o armazém, a rádio comunitária e a ponte sobre o Riozinho, facilitando o acesso a outras aldeias, além de reformar a Escola Agroambiental Catxêkwyj.

Ações de sustentabilidade

Valorizando a autonomia dos povos indígenas, a Kapey promoveu 5 oficinas durante a semana da Feira de Sementes, incluindo qualidade da água, farinha de batata-doce, artesanato em capim dourado e pintura em tecido. A Embrapa também preparou uma oficina de agrofloresta, sistema produtivo que alia a produção de alimentos à sustentabilidade socioambiental. A oficina culminou com o planejamento da implantação de uma agrofloresta na Aldeia Morro do Boi (TO), que será realizada no início de dezembro.

Segundo a Coordenadora do Projeto de Conservação de Recursos Genéticos e Segurança Alimentar da Embrapa, Teresinha Dias, a iniciativa de resgate das sementes tradicionais partiu da comunidade indígena. "Eles nos procuraram em busca das sementes tradicionais, que foram coletadas na área Xavante e armazenadas pela Embrapa", conta Teresinha. Em acordo com a Associação Kapey, a Embrapa se responsabilizou em fortalecer a agricultura tradicional e introduzir novos cultivos, a pedido do povo Krahô.

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