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Povo Bororo sofre atentado por voltar PARA terra homologada

Cimi - Informe n° 748
11 de Jan de 2007

A terra Jarudori, do povo Bororo, localizada no município de Poxoréu, Mato Grosso, é homologada e registrada, mas segue invadida por não índios. E as tentativas dos Bororo de voltar para a terra continuam gerando ameaças e atentados contra este povo.

No segundo semestre de 2006, aproveitando a área de um sitio abandonado, a Cacica Bororo Maria Aparecida Toro Ekureudo abriu uma aldeia nova. Em 5 de dezembro de 2006, a denúncia sobre ameaças de morte contra grupo foi feita ao Ministério Público Federal (MPF) em Cuiabá. Na madrugada de 26 de dezembro, houve um atentado contra o Senhor João Osmar, casado com a filha da cacica.

De madrugada, ele levava o leite produzido pelos Bororo para o laticínio para o qual vendem a produção. Dois homens pediram carona e uma moto acompanhou o caminhão. Já fora da terra indígena, os homens jogaram gasolina no caminhão, que pegou fogo. João Osmar foi achado no meio do dia seguinte, a cerca de 20 km do local do atentado. Ele tinha escoriações, sem ferimentos graves, mas estava psicologicamente muito abalado. Todas as informações têm origem em um relato enviado pelo regional Mato Grosso do Cimi, feito a partir de informações dos indígenas.

De acordo com a assessoria de imprensa do MPF em Cuiabá, após solicitações do Ministério Público, a Polícia Federal está investigando o atentado, mas ainda não concluiu se ele está ligado às disputas pela terra ou se é relacionado a outros desentendimentos.

O Cimi, Regional Mato Grosso, não tem dúvidas de que o atentado foi ligado à terra e de que se trata de uma grave tentativa de homicídio. "A violência aconteceu por causa da terra e não por outros motivos. Sérias medidas de proteção devem ser tomadas em relação á vitima que sobreviveu ao atentado. Os Bororo não podem viver em constante pesadelo", afirma, em carta, o vice-coordenador do Cimi MT, Mario Bordignon. O Cimi questiona a atuação da Funai na região, pois recebeu relatos de que funcionários do órgão têm dito aos indígenas para "esquecerem Jarudori" e que "os Bororo não precisam mais de terra".

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