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*Povo Bororo*

Ministério da Cultura-Brasília-DF
Autor: (Gláucia Ribeiro Lira)
12 de Abr de 2004

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, estará no dia 15 de abril no Mato
Grosso, onde fará uma visita ao povo Bororo, que vive no sudoeste do
estado, em dez aldeias de seis reservas indígenas. O ministro vai estar
acompanhado do governador Blairo Maggi e de diversas autoridades.

Ele receberá o projeto Meri Ore Eda (Morada dos Filhos do Sol),
elaborado pelo Instituto das Tradições Indígenas (IDETI) com o objetivo
de promover o resgate cultural dos Bororo. O projeto prevê a construção
de uma aldeia tradicional modelo dentro da reserva do Meruri, no
município de General Carneiro, a 110 Km de Barra do Garças.

Todo o trabalho visa recuperar a rica tradição do povo, que vem se
perdendo ao longo dos últimos 100 anos de contato intenso com a
sociedade e com a missão religiosa. O projeto será entregue ao ministro
por Paulo Mierecureu Bororo, um dos diretores do IDETI, que é uma
organização não governamental criada e dirigida por indígenas de várias
etnias.

O encontro de Gilberto Gil com a comunidade vai se dar em pleno cerrado,
exatamente no local onde o projeto será desenvolvido. A localidade fica
distante 10 Km da aldeia Meruri, onde atualmente os índios vivem em
casas de alvenaria, descaracterizadas de sua cultura. No projeto Morada
dos Filhos do Sol consta a construção de casas, do centro cultural e da
aldeia dos visitantes. Todas as construções serão feitas respeitando-se
a arquitetura que preserva os fundamentos da tradição cultural Bororo,
com adaptações no que tange a vários aspectos, como, por exemplo, o
saneamento.

O ministro Gilberto Gil e todos os que farão parte da comitiva vão
assistir à apresentação de um canto cerimonial, o qual contará com a
participação de homens e mulheres da aldeia, e também vão experimentar
um alimento tradicional a ser preparado pelos índios.

A paulista Ângela Pappiani, jornalista e coordenadora do projeto, afirma
que, com o apoio do Ministério da Cultura, será possível a construção, a
partir de junho próximo, de quatorze casas, cujo trabalho vai respeitar
a arquitetura e os espaços tradicionais. "O projeto faz parte da vontade
e da decisão da comunidade Bororo e da proposta do IDETI de criar um
modelo novo de relação do povo indígena com a sociedade", ressalta
Ângela. As casas serão um arquivo vivo e espaço de transmissão do
conhecimento para as novas gerações. Oito dessas habitações serão
erguidas em madeira e palha trançada com o baito - casa dos homens - ao
centro.

*O Povo Bororo*

Atualmente, a população total Bororo é de cerca de 1.100 indivíduos,
divididos em seis reservas: Meruri, Sangradouro, Perigare, Tadarimara,
Jarudori e Teresa Cristina. O povo se autodenomina Boe, que quer dizer
"gente de verdade". Bororo significa pátio da aldeia ou pátio das
danças. A língua falada é da família lingüística Jê. A rica cultura da
comunidade já foi objeto de vários estudos, teses, livros e filmes ao
longo de mais de um século.

O território tradicional do povo ocupa grandes extensões de cerrado,
onde se situam os estados de Goiás, Mato Grosso, até o norte de Minas
Gerais, sendo que, nesta última região, as aldeias foram extintas no
início do contato com os brancos. O primeiro contato de bandeirantes com
um grupo Bororo aconteceu no ano de 1719, quando era intensa a procura
de ouro. Naquele período, a nação se dividiu em duas: os bororo
orientais, que não aceitaram os brancos, ocuparam o lado oeste do rio
Cuiabá, enquanto os ocidentais, unidos aos brancos, começaram a
participar da exploração do ouro. Informações: (11) 3277-7850 e
3207-2000, ramal 284; _ideti@ideti.org.br_
ou _www.idet.org.br_ .

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