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Poucos índios buscam representatividade

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: ÂNGELA BASTOS
14 de Set de 2004

Falta de participação mais ativa na política prejudica as negociações para melhorias nas comunidades indígenas, que somam 15 mil habitantes em Santa Catarina

Um retrato da falta de representatividade política dos índios se desnuda nas eleições. Santa Catarina tem cerca de 15 mil indígenas, entre Kaingang, Xokleng e Guarani. Apenas dois candidatos concorrem em chapas majoritárias, e no cargo de vice-prefeitos. Dezesseis optaram em disputar vagas nas câmaras de vereadores.

Para quem trabalha com os índios são duas as questões a serem observadas - combater políticos oportunistas e conscientizar o povo das aldeias de que eles podem e devem eleger os seus próprios representantes.

É o que recomenda a Fundação Nacional do Índio (Funai), diz o administrador Jorge Luiz Bavaresco, em José Boiteux. Na Reserva Duque de Caxias, que atinge quatro municípios da região do Vale do Itajaí, existem seis candidatos a vereador. Duas são índias e uma branca casada com um índio. Quatro concorrem por José Boiteux e dois pelo município de Vitor Meirelles.

- Todos os candidatos têm chance - diz Bavaresco.

A Funai não desenvolve ações específicas com relação as eleições. O trabalho é construído com o tempo e não exatamente agora. Ressaltar a capacidade de mobilização dos indígenas, sendo o voto um direito à cidadania é uma das políticas adotadas.

O antropólogo e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Sílvio Coelho, não concorda com a idéia de que "índio não se interessa pela política".

Para o professor Coelho, a questão precisa ser analisada tomando em conta outros fatores como por exemplo os espaços que os partidos políticos abrem para as questões étnicas.

Partidos se mostram fechados

- Tradicionalmente os partidos se mostram fechados. Vejamos a proporcionalidade de candidatos de origem japonesa, que normalmente possuem muito mais recursos financeiros, ou mesmo mulheres e negros - observa.

O professor da UFSC lembra ainda que com algumas exceções as aldeias são transformadas em currais eleitorais de alguns partidos ou mesmo de políticos.

- As candidaturas, apesar de numericamente não tão significativas, mostram o interesse dos índios em participar do sistema político da sociedade - acredita o antropólogo

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