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Por uma nova ética da água

FSP, Mais, p. 9
Autor: WHATELY, Marussia
14 de Ago de 2005

Por uma nova ética da água
Livro propõe conservação de recursos hídricos como fator essencial à segurança coletiva no Brasil

Marussia Whately
Especial para a Folha

A água mantém a vida e cobre a maior parte da superfície do planeta Terra. Apesar de óbvia, a relação entre água em quantidade e qualidade e sobrevivência da humanidade não é suficiente para evitar a poluição e degradação deste recurso. Nos últimos cem anos, os usos indiscriminados da água na agricultura, a poluição dos mananciais e o desperdício aumentaram exponencialmente. E tendem a continuar crescendo. Por sua vez, o ciclo hidrológico, como o próprio nome sugere, não "cria" água, mas sim renova periodicamente a mesma quantidade desse recurso. O resultado pode ser o esgotamento das fontes de água doce.
Para contribuir com o entendimento sobre a importância da gestão adequada desse recurso, é necessária uma abordagem sistêmica, como a que é feita no livro "Folha Explica a Água", escrito por duas das maiores referências nacionais no assunto: José Galizia Tundisi, limnólogo e presidente do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos, e Takako Matsumura Tundisi, limnóloga e professora titular aposentada da USP de São Carlos.
Esta interessante síntese traz informações referentes à água, seu ciclo de renovação e distribuição no planeta. A respeito dos impactos das várias atividades humanas e a gravidade de suas conseqüências sobre a segurança coletiva da população e saúde pública, o livro apresenta, de forma sintética e objetiva, um conjunto atualizado de informações sobre os principais problemas mundiais relacionados à degradação dos recursos hídricos. São 2,4 bilhões de pessoas sem acesso a saneamento básico, o que resulta em centenas de milhões de casos de doenças de transmissão pela água e mais de 5 milhões de mortes por ano.
Os autores apresentam a situação dos recursos hídricos brasileiros, abordam o histórico e as tendências de uso da água e da importância desse recurso para o desenvolvimento.
O Brasil -país dos rios- concentra em seu território de 12% a 16% da água doce do planeta, mas sua distribuição é desigual e resulta em diferentes volumes de água per capita. Um habitante do Estado do Amazonas, por exemplo, tem disponível para si, por ano, uma quantidade de água 350 vezes maior do que um morador do Estado de São Paulo. Todas as regiões brasileiras têm em comum problemas com saneamento básico, abastecimento municipal e proteção dos mananciais.
Por fim, a publicação discute as questões referentes ao futuro do uso e da gestão das águas, que englobam desde as principais resoluções internacionais sobre o tema até um conjunto de recomendações práticas sobre o uso racional em residências.
Segurança hídrica
A crença de que água é um recurso infinito está na origem da crise atual e exige uma mudança de postura de toda a sociedade. O livro introduz "uma nova ética para a água", baseada na conservação da qualidade e quantidade deste recurso vital dos mananciais às torneiras, que promova uma nova visão de "segurança coletiva", considerando o ciclo hidrossocial de cada região -disponibilidade natural local do recurso em conjunto com a população e as atividades humanas em geral- como ponto de apoio para a segurança de toda a sociedade.

Marussia Whately, 32, é arquiteta e urbanista, e coordena o Programa Mananciais do ISA (Instituto Socioambiental)

Folha Explica a Água José Galizia Tundisi e Takako Matsumura Tundisi
128 págs. R$ 16,90 Publifolha (Al. Barão de Limeira, 401, 6o andar, São Paulo, SP, CEP 01202-001, tel.: 0/ xx/11/3224-2186)

FSP, 14/08/2005, Mais, p. 9

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