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Por que não reclamaram quando a taxa caía?

OESP, Vida, p. A18
01 de Fev de 2008

Por que não reclamaram quando a taxa caía?
Em defesa do Inpe, físico José Goldemberg diz que trabalho do órgão esta sendo desqualificado

Cristina Amorim
Jamil Chade
Correspondente Genabra

0 professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP e'" ex-ministro de Ciência e Tecnologia José Goldemberg defendeu ontem o trabalho do Inpe ao divulgar informações sobre uma recente alta do desmatamento, na Amazônia. "Está ocorrendo uma desqualificação do trabalho do Inpe. Por que não reclamaram quando a taxa estava caindo?"
Em relação às críticas feitas anteontem por Luiz Inácio Lula da Silva, ele acha que o presidente está "fazendo o que não se vê desde a Antiguidade: matando os mensageiros". Segundo Goldemberg, o trabalho do Inpe é "cuidadoso e um erro cometido não significa que todo o trabalho esteja errado sempre".
Anteontem, Lula relativizou a divulgação de que o desmatamento voltou a crescer. "Você vai ao médico,você está com um tumorzinho e, em vez de fazer biópsia e saber como vai se tratar, já sai dizendo que tem câncer!" Ele também disse que "é como se você tivesse uma coceira e achasse que é uma doença grave".
O coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, acredita que o governo tem um "comportamento esquizofrênico". "Interessante que ele (Lula) duvida de dados do próprio governo. E, quando eles são positivos, mesmo sem ser rechecados, o governo sai batendo no peito. Quando são negativos, chama uma platéia para questioná-los."
Adário lembra que a Amazônia tem impacto em outras esferas, como no debate internacional sobre a crise climática. "A maior parte das emissões brasileiras de gases-estufa, 75%, vem daí, e o Brasil é quarto maior emissor do mundo por causa disso. Então o presidente precisa garantir que o desmatamento caia ou deixará o risco para as futuras gerações."

Repercussão
Em Genebra, um dos principais formuladores da política ambiental americana, Daniel Reifsnyder, disse que o Brasil não terá como fugir do tema do desmatamento nas negociações internacionais sobre ambiente e a questão da manutenção das florestas já é um assunto "incontornável" para as principais diplomacias do mundo.
Ao Estado, o americano que chefia o Departamento de Meio Ambiente da Secretaria de Estado estima que não há como forçar um acordo sobre o Brasil para limitar o desmatamento. Mas alerta que uma solução terá de ser encontrada para o problema.
"Os níveis de emissões de CO, do Brasil não são muito grandes (em comparação com os americanos). Mas o problema é que o desmatamento e a queimada de florestas pode representaraté 20% de todas as emissões. Por isso, a preservação da cobertura florestal é essencial", afirmou Reifsnyder.
O americano tem em seu currículo a negociação de mais de 15 acordos ambientais em nome da Casa Branca. "A questão da floresta não sairá da agenda internacional. Não há como escapar dessa realidade% disse.
O governo americano quer que os países emergentes, como o Brasil, aceitem negociar no âmbito do G-8 neste ano uma meta global de longo prazo para a redução de emissões de CO, O grupo de países industrializado é presidido em 2008 pelo Japão, mas terá Brasil, China, índia, México e África do Sul como convidados a debater uma série de assuntos, como tem ocorrido tradicionalmente.

OESP, 01/02/2008, Vida, p. A18

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